Ouvidoria
São João del-Rei ganha campanha de âmbito nacional . Ariosto da Silveira
Descrição
Vender a imagem de São João del-Rei, a nível nacional, como uma das maiores atrações turísticas de Minas Gerais foi o resultado do encontro entre o presidente da Turminas/Prominas, Pedro Tassis, e empresários daquela cidade histórica mineira. Essa união entre governo estadual, Prefeitura Municipal e iniciativa privada poderá ser o grande trunfo da campanha promocional destinada a vender o produto “São João del-Rei”.
No encontro, realizado no Hotel Porto Real-Novotel, foram apresentadas ao presidente da Turminas as reivindicações dos empresários locais, destinadas a desenvolver a atividade turística na terra do ex-presidente Tancredo Neves.
Entre as reivindicações, estão a redução do preço de fretamento do trenzinho “Maria Fumaça” que, de 9mil subiu para 290 mil cruzados, inviabilizando totalmente a programação das agências de viagens; o calçamento ou asfaltamento do acesso ao Cristo Redentor, um dos pontos turísticos; a confecção de um folheto promocional; a sinalização turística da cidade; a criação do Curso de Turismo na Funrei – Fundação de Ensino Superior de São João del-Rei; a ordenação de horários de abertura das Igrejas e museus à visitação turística; além da criação do Conselho Municipal de Turismo.
Participaram do encontro, com Pedro Tassis, o coordenador de Turismo da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Sebastião Machado Gomes (Jacó); o gerente-geral do Porto Real-Notovel, Orlando Rodrigues; Mário Roberto de Azevedo Monteiro, gerente-proprietário dos Hotéis Hespanhol, Colonial, glória e Americano; Alceu Caldeira Lima, gerente da Pousada Mineira; e Fernando Vale Campos, gerente da Pousada do Casarão.
Em sua visita a São João del-Rei, realizada no último fim de semana prolongado, Pedro Tassis participou do júri, que escolhei a Garota-Turismo daquela cidade, que vai concorrer ao concurso estadual, promovido por este Caderno de Turismo. A eleita, de 17 anos, foi Alexandra Guimarães Cabral. Durante a votação, Pedro Tassis recebeu do coordenador de Turismo um brinde da cidade: a réplica de um dos sinos da Igreja de São Francisco de Assis.
Poucos têm tanto como São João
Poucos, muito poucos locais têm um potencial turístico tão grande. Aqui, num espaço de menos de dez quilômetros, é possível transportar-se desde a histórica cidade, com a rua rica arquitetura sacra barroca, seu casario colonial tão bem conservado, até a cidade-museu de Tiradentes, de participação íntima na Inconfidência, ou ainda até a estância hidromineral de Águas Santas, do outro lado da serra. É igualmente acessível a visita a uma mina de ouro, ou ainda a uma lapa, ou simplesmente contemplar estas montanhas pouco agressivas, batidas por um vento fresco. Caminhar pela cidade oferece o prazer de visitar a Igreja de São Francisco, a do Rosário, das Mercês, e de apreciar o conjunto do Largo do Rosário, com o Solar dos Neves, do Dr. Lustosa (aquele da cera para combater dor de dente) e a seqüência de casas pegadas uma à outra ao longo da Rua Getúlio Vargas: é como se fosse em Portugal.
Não acaba não. A “Maria Fumaça” é um retorno definitivo ao passado. São doze quilômetros de uma viagem de cerca de meia hora, em que meninos, pessoas de meia-idade e idosas se reúnem no trem, imagem do interior mineiro. Aos domingos e feriados, é tanta gente que o chefe tem de aumentar o número de vagões para oito, nove ou mais. E o trem vai, apitando, badalando o sino, pela velha cidade, fazendo hora para a ruidosa volta.
Por fim, o item das compras está atendido, através de várias formas de artesanato, onde se sobressaem os trabalhos em madeira e, acima de tudo, em estanho. Estes não são baratos, mas são de primeira linha: a indústria local remete não só para os principais mercados do país, mas para o exterior, e as lojas das fábricas ficam abertas todos os dias (o comprador deve distinguir entre as peças destinadas ao uso doméstico, que são mais caras, e as de decoração, mais baratas, porque são feitas com mistura maior de chumbo).
Tudo isto e mais o jeito amável e tranqüilo do mineiro se encontram em São João del-Rei, onde o turismo ganhou força a partir da eleição e da morte de Tancredo Neves, cujo túmulo ainda é um ponto de visitação habitual. O empresário Jean William, gerente do Vereda Park Hotel, observa que dessa época até agora a rede hoteleira local mais do que dobrou o número de apartamentos. O seu próprio hotel é parte desse processo: num ponto dominante, de onde se tem a vista ímpar da cidade, uma chácara foi adaptada para hospedagem, com uma enorme área de lazer coberta de mangueiras e outras árvores.
São João del-Rei tem, por isso, de caminhar para o seu destino como pólo turístico do Estado. Precisa, então, o quanto antes, se preparar, a fim de que a atividade seja organizada para oferecer os serviços exigíveis pelos visitantes e que a riqueza local – e aí entram os próprios são-joanenses – seja preservada, já que seu valor é inestimável.
Fonte: Estado de Minas – Caderno Turismo – 19 de agosto de 1988