Legislação
Carta Patrimonial de Ouro Preto . Encontros Integrados do Turismo Mineiro
Corpo
08 e 09 de junho de 2002
Fórum Mineiro de Estudantes de Turismo
Centro de Artes e Convenções da UFOP - Ouro Preto - MG
Os Representantes de Estudantes de Instituições de Ensino de Turismo e Hotelaria do Estado de Minas Gerais, reunidos no dia 09 de Junho de 2002
EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS
Muito já se tem discutido e estudado sobre a importância da qualificação profissional na prestação de serviços turísticos. No entanto, a falta de medidas concretas para garantir a boa formação dos futuros profissionais da área é algo que pode comprometer a própria qualidade do turismo praticado no Brasil.
Segundo dados da Associação Brasileira dos Dirigentes de Escolas de Turismo e de Hotelaria - ABDETH, na década de 90, o número de cursos de graduação em turismo e/ou hotelaria cresceu cerca de 900%. Hoje, de acordo com a professora Marília Ansarah, existem mais de 400 cursos dessa espécie no Brasil. O aumento numérico, porém, não tem sido acompanhado pela melhoria da qualidade dos cursos. De um lado estão as instituições, diante de problemas que não previram e não sabem como solucionar. De outro estamos nós, alunos, sedentos de uma formação sólida para enfrentar o mercado de trabalho competitivo que nos aguarda.
A busca de soluções para os problemas de nossos cursos, bem como a necessidade de comunicação entre os próprios estudantes levaram à realização dos Encontros Integrados do Turismo Mineiro - EITM2002, evento que englobou:
O Encontro Mineiro de Estudantes de Turismo - EMETUR2002, cujo tema central foi O Mercado de Trabalho para o Futuro Profissional de Turismo; O Encontro Mineiro de Representantes de Estudantes de Turismo - EMRETUR2002, no qual representantes de estudantes de Instituições de Ensino - IES mineiras tiveram oportunidade de discutir O Ensino e a Estrutura nos Cursos de Turismo; O Fórum Mineiro de Estudantes de Turismo - FORMETUR2002, fórum que reuniu os estudantes objetivando discutir os Problemas no Ensino de Turismo
Por esse motivo, dando nossa contribuição como estudantes e tendo em mente nossos direitos como alunos, apresentamos, a seguir, o produto de nossas discussões - um breve levantamento das deficiências, das carências de nossos cursos e das ações que, a nosso ver, devem ser efetivadas para que se garanta um ensino de qualidade no turismo e para que a própria atividade mantenha perspectivas de crescimento no país.
Principais deficiências no ensino superior em turismo e hotelaria
I - Carência de corpo docente com formação específica em turismo; segundo Trigo (2000), essa é uma das maiores deficiências dos cursos de graduação em turismo no Brasil. A falta desse tem feito com que a academia se distancie da realidade encontrada no mercado de trabalho.
II - Falta de intercâmbio dos professores. A união dos diversos campos do conhecimento envolvidos no estudo do turismo é prejudicada pela falta de uma comunicação eficiente e de um planejamento contínuo entre os professores. Dessa forma, vários conteúdos são repetidos em diferentes disciplinas, e outros podem não ser abordados. Para o aluno, a principal conseqüência é a dificuldade em interligar os conhecimentos compartimentados.
III - Distanciamento entre teoria e prática. Por ser o turismo uma área de estudos relativamente nova, boa parte dos professores com formação específica não possui experiência didática, limitando-se alguns a um ensino técnico, com pouca fundamentação teórica. Por outro lado, professores de outras áreas muitas vezes desconhecem a bibliografia específica para o turismo, deixando de relacionar suas disciplinas com a prática. Em algumas instituições, a aproximação entre teoria e prática tem sido dificultada pela falta de visitas técnicas e por estágios sem ligação com a orientação dos cursos.
IV - Dificuldade de integração entre as IES: Grande parte dos representantes discentes notou que as IES estão isoladas umas das outras, opondo-se tal fato a uma comunicação produtiva e a uma troca de informações e experiências que poderiam auxiliar na solução de problemas comuns.
V - Desinteresse e falta de motivação dos alunos. Muitos estudantes possuem uma concepção errônea de seu próprio curso, e não apresentam conduta adequada à carreira que escolheram. Isso pode ser reflexo da falta de informação por parte dos cursos de ensino médio e pré-vestibulares acerca dos currículos e das ênfases dos cursos de graduação. Pode resultar, também, da imaturidade dos cursos de turismo dentro da universidade - onde muitas vezes ainda se pensa que quem faz turismo é turista.
VI - Falta de integração dos órgãos de turismo com as IES. A falta de um contato mais próximo das IES com órgãos como EMBRATUR, ABAV, ABBTUR, etc tem obstado a constituição de uma rede de intercâmbio de informações e parcerias que seriam proveitosas para todos os envolvidos.
VII - Falta de incentivo aos alunos para o desenvolvimento de pesquisas científicas e de visitas técnicas, bem como para a participação em eventos de discussão do turismo.
A partir do quadro apresentado, os estudantes propõem as seguintes ações de melhoria:
I - Criação de eventos e programas interdisciplinares para os professores, a fim de integrar o corpo docente e iniciar os professores de outras áreas no conhecimento do fenômeno turístico, assim como, incentivá-los a participar de congressos e seminários que discutam o turismo.
II - Sensibilização dos coordenadores de curso e autoridades competentes da hierarquia universitária para o oferecimento de disciplinas voltadas à formação de educadores para os cursos de turismo, assim como para a importância da participação dos alunos em eventos de discussão do turismo.
III - Conscientização das IES e dos órgãos de turismo acerca da importância do incentivo e do apoio a projetos de cunho social-comunitário, com o objetivo de aproximar vida acadêmica e prática profissional. Também nesse sentido, os coordenadores de curso devem estar atentos à metodologia de realização de estágios e visitas técnicas, que necessitam de orientação e avaliação sob critérios rígidos.
IV - Flexibilização das grades curriculares, com o intuito de adaptá-las às mudanças do mercado de trabalho e submetê-las às reestruturações para melhoria e atualização quando necessário.
V - Fiscalização periódica da situação dos cursos, a fim de verificar se estão funcionando de acordo com as diretrizes curriculares propostas pelo MEC.
VI - Apoio e incentivo às entidades estudantis de turismo para a promoção de eventos intra e interinstitucionais, visando à integração do corpo discente e o exercício da competência e desempenho do futuro profissional de turismo. Os abaixo relacionados, reunidos no Encontro Mineiro de Representantes de Turismo - EMRETUR2002 em 09 de junho de 2002, concordaram com a carta acima e remetem-na a essa instituição, para conhecimento.
Representantes Presentes
Alexandre Siqueira - Faculdade Cenecista de Sete Lagoas; Carmelinda da Silva - Instituto de Ensino Superior Presidente Tancredo de Almeida Neves - São João del Rei. Cintia Leite Vassalo Cruz - Universidade Federal de Ouro Preto; Cristina Cordeiro Lima - Universidade Vale do Rio Doce - Governador Valadares; Eraldo Lopes Martins - Universidade Presidente Antônio Carlos - Ipatinga; Gustavo Bracarense Guintini - Centro Universitário Newton Paiva - Belo Horizonte; Gustavo de Paiva Resende Toledo - Pontifícia Universidade Católica - Poços de Caldas; Luiz Gustavo de Souza Paula - Universidade Federal de Juiz de Fora; Paula Christofoletti Togni - Pontifícia Universidade Católica - Belo Horizonte; Rafael Barino - Faculdade de Turismo de Santos Dumont; Roni Lúcio Lima - Faculdade Santa Rita de Conselheiro Lafaiete; Sarah de Andrade Luz - UNA Ciências Gerenciais - Belo Horizonte; Walter José da Silva Júnior - Faculdade Promove de Sete Lagoas;
Mesa Moderadora
PRESIDENTE - Cristiano Araujo Borges - Universidade Federal de Ouro Preto;
SECRETÁRIOS - Jarlene Rodrigues Reis - Universidade Federal de Juiz de Fora;