03/07/2016

20h

SJDR

A cidade é a única criação humana que permanentemente fala de sua forma, de sua história - ou seja, de como e porque ela assim foi construída- e de sua sociedade. Algumas obras de arte, que foram valorizadas ao nível de obras-primas pela história, alcançam o mesmo potencial. Portanto, a cidade, tal qual a arte, é inteligível na medida em que estabelece relações com a história da sociedade e sua cultura material. (BASSANI, 2003, pag. 141)

A história do bairro São Dimas não foi feita para ser somente contada pela fala ou escrita de uma pessoa e posta em livro, foto ou documentário. Para saber dessa história é preciso ouvir dos objetos e dos moradores: os seus causos eloqüentes, a respeito dos seus mártires, seus mitos e seus santos; sentir com o corpo a texturas, provar do café, do abraço das suas gentis senhoras, das suas crianças; tocar e deixar fluir o corpo ao som dos tambores de suas guardas de Congados. 
Esta Instalação tem como premissa, expor história do bairro São Dimas, com todos seus feitos e também suas banalidades: seus agentes, seus líderes, suas imagens, seus poemas, seus pratos, suas panelas, seus instrumentos, seus santos e seus carrinhos de rolimã. Contudo, tal enredo, só fará sentido ao espectador se penetrado, tocado, sentido e experimentado, pois ver e ouvir são apenas uma das maneiras de se interpretar esta comunidade. As fotos e os vídeos que serão expostos retrataram parte da ótica e enquadramento deste objeto de arte, porém se instalados de forma fragmentada contará somente parte desta ambiência em que se configura o patrimônio intangível do bairro.
...Irmãos da comunidade, sonhadores e iguais, sei do que estou falando/Há um véu entre as classes, entre as casas, entre os bancos/Há um véu, uma cortina, um espanto que, para atravessar, só rasgando/Atravessando a parede, a invisível parede... (Emicida, Milionário do Sonho)

Em contraponto a própria galeria, incorpora-se a obra como objeto edificado e validado como patrimônio histórico-cultural da cidade de São João del-Rei, situado no perímetro de tombamento do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Com isso, tem-se que o confronto é inevitável. Sim, será o encontro de dois seres de universos diferentes interligados por questões físicas e separados por questões sócio-culturais. Porém, a interligação e interação desses dois trarão à luz uma nova criação, uma Arte que interligue centro e periferia e que despreza qualquer fronteira geográfica ou psicológica.



Local: Praça Dr. Augusto das Chagas Viegas, 17 São João del-Rei - MG

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