Agenda Cultural
Exposição "Arte de Vida" de João Garboggini Quaglia . De 06/11 a 06/12 . Centro Cultural UFSJ
Data
Hora
Cidade
Descrição
João Garboggini Quaglia por João Cabral de Melo Neto
"Uma pessoa que tenha vivido na Espanha e se tenha interessado pelas corridas de touros e pela pintura, desenho e gravura que elas têm inspirado, não poderá deixar de fazer a seguinte observação: a de que o autor destas litografias frequentou, assiduamente, as praças de touros e muito pouco ou nada as exposições, revistas, jornais, livros de reprodução, em que são divulgados ou trabalhados de seus confrades espanhóis sobre o tema. Creio mesmo que a uma pessoa que tenha visto um número considerável de corridas não será difícil dizer onde o pintor Quaglia se sentava. A mim, me parece que num tendido de sombra, nem alto nem baixo, numa daquelas filas limite em que o tendido alto passa a ser baixo, com a consequente, e brusca mudança de preço. Talvez a descoberta deste fato, e que é indicado pelo ângulo da maior parte das cenas fixadas nestas litografias, não tenha importância aparente para a avaliação da qualidade do trabalho. Creio, entretanto, que tem: porque o ângulo destas composições, por sei-absolutamente inusual nas cenas de touros fixadas correntemente, leva a uma segunda observação: a de que seu autor pouco viu o que existe em matéria de arte-sobre-corrida-de-touros, e pode colocar-se, dessa forma, inteiramente à margem do automatismo que parece marcar quase todos que na Espanha são seduzidos pelo assunto.
"Para definir em que consiste esse automatismo direi o seguinte: à exceção de matadores, banderilheiros e picadores que estão na arena, e da centena de agregados, fotógrafos, autoridades e auxiliares que contemplam do estreito corredor que a circunda, todo o mundo, inclusive os pintores, tem uma visão da corrida mais ou menos de cima para baixo, num ângulo mais elevado do que o lugar habitual em que se sentava o pintor Quaglia, mas nunca, ou raríssimas vezes, do mesmo nível daquele das pessoas que estão no tal corredor. Entretanto, quase todos os que pintam ou desenham cenas de corridas, do desenhista de jornal ao cartelista, passando pelo artista que busca o assunto por motivos de necessidade expressional, quase todos usam, invariavelmente, o ângulo em que jamais as viram, o ângulo normal em que as vêem os outros toureiros e essas poucas pessoas (entre as quais os fotógrafos). E aqui está o que me parece a origem desse automatismo. O pintor espanhol que vê, diariamente, fotografias de cenas de corridas e quadros, desenhos, gravuras influenciadas, consciente ou inconsciente, por essas fotografias parece haver perdido a liberdade de abordar a composição de uma dessas cenas com a verdade de Quaglia, que as fixa de seu tendido entre alto e baixo, e nunca querendo doparecer que estava no corredor que dá vota à arena. Essa liberdade dá a todas as as suas s composições uma qualidade de novidade e de frescura quase inédito - pelo menos a quem está familiarizando com a enorme massa de arte de toiros. toa e má, que se produz na Espanha".
João Garboggini Quaglia (Salvador BA 1928). Pintor, desenhista, gravador, ilustrador e professor. Inicia sua formação artística em Salvador, Bahia, estudando litogravura com Mário Cravo, por volta de 1945. Em 1947 transfere-se para o Rio de Janeiro onde cursa a Escola Nacional de Belas Artes dois anos depois, tendo como mestres Carlos Del Nero e Jordão de Oliveira. Em 1950, estuda pintura na Associação Brasileira de Desenho, sendo aluno de Ado Malagoli e Barbosa Leite. Nesta época, faz aperfeiçoamento em litogravura com Darel Valença Lins. Em 1956, realiza os murais para a Base Aérea de Salvador e para a Embaixada Brasileira, em Madri, Espanha. No ano de 1958, recebe o prêmio de viagem ao exterior do Salão Nacional de Arte Moderna e viaja para Madri, onde estuda pintura no Taller Boj. Na década de 60, ilustra o álbum de litografias Corrida de Touros, com textos de João Cabral de Melo Neto (1920 - 1999). Além dessas atividades, atua como professor de pintura e gravura na Associação Brasileira de Desenho no período de 1952 a 1964; na Universidade de Santa Maria; na Escola de Belas Artes de Minas Gerais e no Festival de Ouro Preto.
Mais informações:
Lista de Obras e Bibliografia do artista
Guaglia, o mestre do gesto
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