Agenda Cultural
Lançamento do livro "É disso que o torcedor gosta . A história das transmissões radiofônicas de futebol em SJDR"
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Jornalista volta aos anos 50 em livro sobre rádio e futebol
Quando futebol já havia se consolidado como paixão nacional, mas transmissões televisivas em HD sequer eram sonhadas, a emoção do toque de bola, da arrancada no meio de campo e do gol, ao vivo, era privilégio de poucos nas arquibancadas. Para os demais, cada detalhe de uma jogada era façanha da imaginação. Tudo isso garantido via ondas e sons do rádio.
Livro do jornalista Rodrigo Resende remonta história do futebol e do radiojornalismo local a partir de depoimentos como o do pioneiro Antônio Fraga – Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação
Nos anos 50 e 60, narrar da escalação ao último apito nos jogos era trabalho de honra em São João del-Rei. Mas se engana quem pensa que a atuação calorosa e a atenção hipnotizada do público eram para um clássico Fla x Flu. “Naquela época locutores arrastavam equipamentos e contavam aos ouvintes cada um dos 90 minutos por amor ao futebol local. Ninguém saía da cidade e ia até o Mineirão ou ao Maracanã para transmitir uma partida. O interesse era nos times e nos gramados dos campos são-joanenses”, explicou o jornalista Rodrigo Resende, autor do livro É Disso Que o Torcedor Gosta.
Resultado de um trabalho de conclusão de curso para a Universidade Federal de Viçosa (UFV), o livro de 84 páginas será lançado nesta terça-feira, 24, às 19h, como parte da programação do Inverno Cultural no Centro Social e Cultural do 11º Batalhão de Infantaria de Montanha (11º BIMth).
Entrevistas
Apaixonado por futebol e produtor da Rádio Senado, Resende é ouvinte frequente das transmissões esportivas dos grandes centros. “Foi a partir desse interesse que comecei a me perguntar como era a radiodifusão dos campos em São João, que tem tanta tradição no esporte”, explicou. No entanto, ao invés de buscar pelo contemporâneo, o jornalista vasculhou fundo o baú municipal, começando pelos anos 50 e chegando aos anos 90. Foram 40 anos de história contadas por cinco entrevistados especiais: Antônio Ângelo, Antônio Fraga, Nicolau Brighenti, Paulo Procópio e Sérgio Cavalieri. “Como não há arquivos gravados do trabalho deles nos campos de São João, cada um se transformou em um verdadeiro arquivo vivo”, explicou.
E no meio de narrativas peculiares o que chamou a atenção do autor foi um ponto em comum entre as cinco entrevistas. “Todos os relatos envolvem 40 anos de história e convergem quando o assunto são dificuldades técnicas. Nos anos 50, por exemplo, narrar um jogo no Minas exigia que o radialista puxasse fios da Rádio São João, na Avenida Tiradentes, até a Praça da Biquinha. Já imaginou quantos metros de fio eram necessários? E todo esse trabalho com um dia de antecedência ainda”, disse o jornalista. E frisou: “Com o passar das décadas o trabalho avançou, mas mesmo nos anos 90 a coisa não era tão fácil. Fica claro que essa trabalheira toda fez história e influi, inclusive, na manutenção do futebol e da força dos times são-joanenses”, finalizou.
Fonte: Gazeta de São João del-Rei . 21/07/2012