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Distritos de Ouro Preto | Minas Gerais
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Ouro Preto Transparente | Rede Colaborativa pró-Agenda 2030
Distritos de Ouro Preto
Amarantina
Cresceu a cidadezinha aos pés da velha capela que mais tarde os féis transformariam em uma grande igreja, com duas torres imponentes. Insiste a lenda em dizer que a atual igreja, que no século XIX substituiu a antiga capelinha, é réplica em menor tamanho da Igreja de São Gonçalo do Amarante, em Portugal. Vinte anos atrás sua capela-mor foi, infelizmente, destruída. A imagem original do santo também se perdeu. Conserva hoje em seu interior, de interesse artístico, dois altares em estilo D João V, simplificados, e um curioso chafariz de pedra.
Pouco distante da igreja encontram-se as ruínas de uma imensa casa construída de pedra. Atribui a tradição popular que o casarão foi construído pelos primeiros bandeirantes que lá chegaram nos idos do século XVII. Parece realmente, pela análise estrutural, que se trata de construção muito antiga. Porém não foram encontrados documentos acerca da verdadeira origem da 'Casa Bandeirista' e, nem tampouco, da própria Amarantina. Acredita-se que o povoado tenha surgido em meados do XVIII quando a produção agrícola de Cachoeira entrou em seu apogeu, reservando para os agricultores da baixada o plantio de alguns produtos especiais cujo terreno encharcado era propicio - como o alho, por exemplo. Esta baixada, porque estava constantemente inundada pelas águas do Rio Maracujá, recebeu o nome de Tijuco. Posteriormente São Gonçalo do Tijuco, em homenagem ao santo vindo de Portugal. Coexistiu daí em diante com a denominação de São Gonçalo do Amarante, em lembrança da cidade de origem da imagem. No século XX arbitrariamente mudaram-lhe o nome para Amarantina.
Nos fins do século XVII milhares de aventureiros afluíram aos territórios mineradores das Gerais. Dentre estes cumpre frisar o Arraial de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Pereira, raro exemplo - entre estes principais núcleos afastados da Vila - em que o topônimo é lembrança direta aos primeiros povoadores.
Mas, quem era o homem Antônio Pereira? Vários historiadores estão de acordo que se trata de Antônio Pereira Machado, português, nascido na Freguesia de São João de Caldas, Termo da Vila de Guimaraens, Arcebispado de Braga. Este imigrante, dos muitos que de Portugal vieram na febre aurífera, foi certamente o descobridor e primeiro explorador da região que hoje leva seu nome. Entre 1700 e 1701, fugindo da fome que grassava entre os mineradores, estabeleceu-se nas cercanias do atual distrito.
Em 1703 o mesmo Antônio Pereira mudou-se para o Arraial do Carmo. Diz Salomão de Vasconcelos que o verdadeiro fundador do Arraial do Carmo também foi Antônio Pereira que o encontrou, em 1703, exaurido de víveres. Anos depois, uma vez necessário, doou sua sesmaria quando da criação da Vila do Carmo, em 1711. Vê-se que a Cidade de Mariana deve muito ao Antônio Pereira.
Das muitas minas que se espalharam pela região de Antônio Pereira cumpre citar: Mata-Mata, Romão, Macacos, Manuel Teixeira, Capitão Simão, Fazenda do Barbaçal, Mateus, Mateus das Moças, Rocinha etc.
Devem-se destacar no distrito como pontos históricos importantes: as ruínas da antiga Matriz, incendiada no século XIX, e a Gruta de Nossa Senhora da Lapa, alvo de romarias intensas no mês de agosto. Observe-se, entrementes, que o povoado se desenvolveu no eixo, outrora provável rota processional, formado entre a antiga Matriz, destruída, e a atual, adaptada no século XIX para os ofícios paroquiais, sendo este espécie de caminho tronco, parte da 'estrada do mato-dentro'.
Segundo a tradição, por volta de 1680 um aventureiro chamado Manuel de Mello teria se estabelecido em Cachoeira, tornando-se o seu primeiro morador. Provas concretas sobre sua existência são escassas. Um dos livros da Irmandade do Santíssimo Sacramento deixa entrever, num assento de 1709, que o primeiro nome do lugar foi Cachoeira do Manuel de Mello. Recentemente foi encontrada na Matriz de Nossa Senhora de Nazaré (obra digna de visita pelos lavores em talha dourada) uma pequena bússola confeccionada em meados do século XVII. Este instrumento, típico dos bandeirantes, talvez seja a prova mais convincente que realmente aventureiros se estabeleceram em Cachoeira no último quartel dos anos de 1600.
Em sua Monografia Histórica Pe.Afonso de Lemos afirma que o povoado teve início nos anos de 1700 e 1701 quando uma grande fome abateu os mineradores, forçando a procura de espaços propícios para o plantio. Pela fertilidade do solo e amenidade do clima, Cachoeira tornou-se então um dos centros regionais de produção agrícola.
Cabe ainda salientar que - pela posição estratégica (proximidade do Capão do Lana e do Xiqueiro dos Alemães, pontos de convergências das principais estradas mineiras do XVIII) aliada a outros fatores (como a amenidade do clima) - Cachoeira foi escolhida como lugar ideal para se construir um Palácio de Campo dos Governadores (também chamado de Palácio da Cachoeira ou Palácio de Recreio ou ainda, Palácio de Veraneio). Em 1782 Dom Rodrigo Jozé de Menezes transformou a edificação numa luxuosa residência, que contava, entre outras regalias, com um imenso lago artificial (100 x 35m) com capacidade de armazenamento estimada em mais de 20 milhões de litros d'água. Neste lago ziguezagueava até uma embarcação a vela, um scaller, de 7m de comprimento. A poucos quilômetros deste Palácio, mandou outro governador - desta vez Dom Antônio de Noronha - construir um quartel destinado a ser a Sede da Cavalaria Paga das Minas, isto no ano de 1779, conforme ainda se lê no brasão de pedra-sabão do seu frontispício. Ambas edificações foram doadas aos salesianos e são hoje, respectivamente, o chamado 'Colégio das Irmãs' e o Colégio Dom Bosco.
Nas cercanias do atual Engenheiro Corrêa existiu em outros tempos um antigo povoado cognominado Santo Antônio do Monte. Em torno da pequena capela (ainda existente) várias fazendas se estabeleceram (vestígios de vários e extensos muros de pedra seca, limítrofes destas fazendas, ainda podem ser vistos em várias partes). A poucos metros do adro da capelinha existe ainda uma pequena e rústica construção de pedra, herança de um povoado a muito desaparecido.
A atual sede do distrito se desenvolveu em torno da estação ferroviária inaugurada em 1° de dezembro 1896, com o nome de Estação Sardinha (lembrança àquela vasta região banhada pelo Ribeirão Sardinha). Por ocasião da inauguração houve grandes festejos que prenunciavam, de certa forma, o desenvolvimento futuro. Devido ao crescimento urbano considerável (em 1930, por exemplo, o cartório já fora instituído), em 1953 o lugar foi elevado à categoria de distrito pela Lei N° 1039, de 12 de dezembro daquele ano.
O topônimo atual é uma homenagem a Manuel Francisco Corrêa Júnior, engenheiro supervisor da Estação Sardinha e falecido em desastre nas proximidades da estação.
O nome mais antigo de Casa Branca do qual se tem registro é Santo Antônio das Minas de Balthazar de Godoy. Este Balthazar possuía, segundo Pe.Afonso, uma ermida com três altares e uma imagem de Santo Antônio. Quando em meados do século XVIII deu-se início a construção da atual Matriz estes altares foram inseridos no interior da igreja, como estão até hoje, preservados na nave. Estes retábulos, mesmo estando atualmente muito repintados, deixam entrever partes do douramento da talha primitiva, em um Nacional Português que muito se assemelha ao de São Bartolomeu.
Dispomos de poucos dados acerca da construção da antiga Matriz de Casa Branca. O início das obras se deu em 1757 e o fim provável foi em 1764, data existente na peanha da cruz que encima o frontão. Foram arrematantes José Coelho de Noronha, Antônio Moreira Gomes e Tiago Moreira. Ereta originalmente para servir de Matriz somente em meados do século XIX é que passou a ser filial da Matriz de Nossa Senhora de Nazaré de Cachoeira do Campo (este fato aconteceu também com a Igreja de São Bartolomeu).
No século XX o poder público mudou o velho nome do povoado para Glaura, alusão ao poema do árcade Silva Alvarenga. Contudo, a população ainda conserva o nome primitivo, chamando o povoado somente de Casa Branca.
O arruamento primitivo se desenvolveu em torno da pequena capela, depois transformada em Matriz. Algumas ruelas atingiam, desde a praça principal, parte da antiga Estrada Real do Sabará, que, em Glaura, forma rua com interessante casario conservado. Esta rua, muito pitoresca, atingia a Praia do Rio das Velhas a pouca distância do centro do arraial.
Passado os primeiros anos da exploração aurífera, caracterizado pela exploração intensa, muitas minas se esgotaram rapidamente, trazendo estagnação econômica a vários lugarejos e arraiais. Todavia, novas expedições continuaram esquadrinhando o território minerador, mesmo já encontrados os veios de maior abastança. Neste contexto se insere o surgimento de Lavras Novas que, como o próprio nome indica, marca lugar de exploração aurífera mais recente, se comparada com outros arraiais mais antigos (como São Bartolomeu e Antônio Pereira).
Em 9 de outubro de 1762, a pedido dos moradores do lugar, a Capela de Nossa Senhora dos Prazeres foi erigida à capela filial da Freguesia de Santo Antônio de Itatiaia (atual Itatiaia, distrito de Ouro Branco). Este orago - Nossa Senhora dos Prazeres - é bastante incomum na região das minas.
Guarda o povoado ainda a característica dos primeiros arruamentos abertos pelos mineradores, sem grandes intervenções posteriores: é certo que o casario não é original ou possui homogeneidade, mas o formato de acampamento, ereto em torno da antiga ermida, foi mantido no largo que se formou à frente e aos fundos da atual igreja (reerguida, ao que parece, na segunda metade do século XVIII). O gracioso cruzeiro de pedra, que orna o largo citado, é símbolo da fé dos primeiros povoadores, marcando o fervor religioso barroco no espaço público das ruas.
Corre lenda muito disseminada que o local tenha em sua origem um quilombo para o que, contudo, não encontramos documentação comprobatória. A prevalência da população negra tem cerne no século XIX quando o exaurimento das lavras deve ter forçado o abandono da população branca que, já à esta época, deveria estar em profundo processo de mestiçamento. Lavras Novas só foi elevada à categoria de distrito no ano de 2005.
Desde o século XVIII dominava as cercanias do atual distrito de Miguel Burnier o lugar conhecido por Chiqueiro do Namon ou Xiqueiro do Alemão (sendo chamado somente de "Xiqueiro" no famoso mapa de Cláudio Manoel da Costa). Possuía especial importância, pois que aí perto se encontravam o Caminho Novo e o Caminho Velho, no local chamado de "Rodeio", já referido por Antonil.
No começo do século XX, nas proximidades do 'Xiqueiro', se instalou uma famosa fundição - a Usina Wigg - cuja produção era escoada pela estrada de ferro que ia a Ouro Preto e que passava nas proximidades. O 'Xiqueiro' foi gradualmente abandonado quando o lugarejo de São Julião passou a ser ponto estratégico pela maior proximidade da ferrovia e da usina (já em 1884 uma promissora estação ferroviária foi instada no local).
Em 1911 São Julião foi elevado à categoria de distrito (em detrimento do antigo 'Xiqueiro' que nunca fora elevado a tal). Em 1948 o distrito passou a se chamar Miguel Burnier em homenagem ao engenheiro Miguel Noel Nascentes Burnier, diretor da estrada no ano da inauguração da estação (1884).
Parte do casario se desenvolveu em torno da antiga estação, com arquitetura típica. Outra vertente da expansão urbana se deu nas proximidades da imponente igreja do arraial. Esta expansão, irregular, deu a feição atual do distrito, ainda com arruamento confuso, e, por isso mesmo, curioso e pitoresco.
Os primeiros registros relativos ao local denominado José Correia sempre estão ligados à Santa Quitéria do Alto da Boa Vista, antiga paragem colonial, hoje abandonada, nas proximidades de Rodrigo Silva. A mineração de topázio sempre esteve presente na história do lugar. Viajantes estrangeiros já registravam a exploração de topázio no início do século XIX. Algumas destas lavras eram gigantescas, empregando centenas de escravos.
Até a chegada dos ferroviários José Correia compunha-se de fazendas espalhadas por léguas de distância. A mais famosa delas é a Fazenda do Fundão, ainda existente. Nesta fazenda nasceu em 1870 Alfredo Fernandes dos Prazeres personagem importante na construção da nova cidadezinha ferroviária. Quando no começo da década de 1880 fez-se o projeto da estrada de ferro ligando o Rio de Janeiro à Ouro Preto, projetou-se também uma nova paragem a se estabelecer em José Correia, que teria seu nome mudado para Rodrigo Silva em homenagem a um ministro imperial. O complexo ferroviário - inaugurado por Dom Pedro II em 1888 - estendeu-se posteriormente de um lado a outro, paralelo à estrada de ferro. Esta conformação urbana em torno da antiga ferrovia deu a feição atual do arruamento, que, grosso modo, se estende por uma larga e comprida rua principal paralela aos trilhos. Desta rua principal partem pequenas ruelas ou becos que atingiam, outrora, sítios e fazendas, nos fundos dos vales.
No começo do século XX fundou-se a Sociedade Musical Santa Cecília de Rodrigo Silva, símbolo primeiro da cultura desenvolvida pelos ferroviários. No arquivo desta banda encontram-se composições feitas pelos ferroviários, demonstração de grande apuro musical. Hoje nos trilhos de Rodrigo Silva não passam mais trens, mas a cultura do topázio continua, com a exploração do famoso topázio imperial, único do mundo.
Sabe-se que no século XVIII pequena capela já marcava o solo do atual distrito de Santa Rita. Esta pitoresca capela, típica das primitivas edificações religiosas mineiras (com frontão triangular e telhado simples de duas águas), possuía uma portada em pedra-sabão e capela-mor com altar artisticamente trabalhado. Em 1964 a capelinha foi infelizmente destruída. Em seu lugar se ergue hoje uma ampla igreja de feição moderna. O antigo acervo de imagens, contudo, ainda está conservado no interior da nova igreja. O povoado, propriamente dito, só se desenvolveu com arruamento expressivo durante o século XIX. Caminhos de tropeiros e rotas antigas de comércio fizeram a prosperidade dos fazendeiros e comerciantes da região, invariavelmente ponto de pouso de tropeiros e rotas das suas caravanas. Estes velhos caminhos guiaram, como era de se esperar, a expansão urbana.
A pedra-sabão que ornava o frontispício da igreja citada acima foi abundantemente extraída no século XVIII para manuseio nos canteiros de obras de toda região, porém seu uso desde meados do século XIX foi esporádico. A partir da década de 1970 a extração de pedra-sabão toma novo fôlego, impulsionada pelo artesanato e turismo. Hoje o distrito de Santa Rita é o maior produtor de pedra-sabão do município.
O antigo povoado de Santa Rita de Cássia só foi elevado a distrito pelo Decreto-Lei N° 148, de 17 de dezembro de 1938, quando passou a ser denominado, oficialmente, com o nome de Santa Rita de Ouro Preto.
Desde sua fundação Santo Antônio do Leite esteve ligado à Cachoeira. Várias famílias dos dois locais possuem troncos familiares comuns. Santo Antônio do Leite só se separou oficialmente de Cachoeira, como distrito autônomo, nos primeiros anos do século XX. As fazendas da região abasteciam Cachoeira de leite e bananas - Santo Antônio do Leite já foi um dos maiores produtores de bananas do Brasil.
O principal monumento do 'Leite', visível de vários pontos e ao longe, é a Igreja de Santo Antônio. Conta a lenda que certo personagem apareceu por lá nos idos do século XIX. Veio cumprir uma promessa: construir uma grande igreja para Santo Antônio, santo de quem alcançara um milagre. Com muito esforço e esmola, por fim, a capelinha deu lugar a uma ampla e graciosa igreja. Para decorar os tetos do templo contrataram um filho de Santo Antônio do Leite, o famoso pintor Honório Esteves.
Na década de 80, infelizmente, a capela-mor da igreja foi derrubada para ampliação do espaço interno e o altar principal se perdeu. Fruto da falta de conscientização patrimonial, este tipo de ação tem suprimido muitas páginas da história de Minas. Porém o visitante pode ainda vislumbrar a grandiosidade das pinturas de Honório Esteves. As obras deste pintor estão entre os principais legados do século XIX à cultura mineira.
O arruamento se desenvolveu em torno da igreja que, por sua vez, se encontra à beira de movimentado caminho antigo. Este caminho outrora rumava, como trajeto secundário e opcional, ao Ouro Branco e às Congonhas.
Entre os vestígios físicos remanescentes dos primórdios do povoamento minerador no atual distrito de Santo Antônio do Salto, cumpre destacar a paragem denominada Fundão da Cintra, com graciosa capelinha ainda existente. Esta paragem situava-se às margens de um antigo caminho de abastecimento, rota secular de tropeiros que negociavam nas fazendas e vendas da região.
Confina o atual distrito com o município de Mariana em cujas terras, do outro lado da imponente serra, nasceu o poeta inconfidente Cláudio Manuel da Costa. Corre interessante lenda local que o menino Cláudio teria sido batizado na capelinha do Fundão da Cintra. A verdade é que um caminho tortuoso e íngreme ligava as fazendas marianenses ao Salto, não sendo improvável visitas freqüentes da ilustre família Costa.
O arruamento antigo do distrito se concretizou em torno da pequenina Capela de Santo Antônio (hoje destruída). Outras vertentes da expansão urbana se insinuaram timidamente às margens de velhos caminhos.
O Arraial do Apóstolo São Bartolomeu é dos mais antigos das Minas, sendo seus mais remotos documentos datados de fins do século XVII. Entre os vestígios remanescentes do período áureo cumpre destacar a Igreja do padroeiro, cujos altares demonstram uma fatura recuada em Estilo Nacional Português, isenta ainda da ornamentação antropomorfa (que está presente na Matriz de Cachoeira, por exemplo). A própria arquitetura desta igreja é prova também da antiguidade do local, sendo a fachada - com suas três janelas, as torres com telhadinho e os cunhais de madeira - típica da primeira 'fase' construtiva que Minas conheceu. Sua fachada e seu interior, bem preservados, nos dão uma idéia de como eram as primeiras igrejas matrizes erguidas com o esforço dos mineradores.
No interessante casario preservado neste povoado podemos encontrar certas curiosidades. Em algumas casas, por exemplo, encontram-se raridades do século XVIII e XIX: oratórios públicos inseridos nas construções. Há pelo menos três destes oratórios na rua principal. O casario se estende por uma comprida rua retilínea (certamente projetada), sendo dominada, de um lado, pelo largo da Matriz, com seus muros de arrimo de pedra.
Os enormes monturos de cascalho ao longo do Rio das Velhas (a poucos quilômetros das nascentes), as muitas minas e saris (ou sarilhos) indicam a atividade mineradora dos primeiros anos do setecentos. Foi encontrado há poucos anos, perto desses monturos, um delicado estojo de cadinhos, com numeração ainda preservada, usado, ao que parece, na pesagem do ouro.
Em agosto a imagem de São Bartolomeu é alvo de romarias vindas de várias partes do Brasil, à procura dos milagres do padroeiro. Na festa do santo apóstolo, o mundo profano se mistura com o sagrado, barracas de jogos e doces se misturam com vendedores de velas e terços. Gente de toda a parte movimenta o pequeno povoado. Esta religiosidade, sempre presente em São Bartolomeu, nos legou várias manifestações culturais.
Fonte: Prefeitura Municipal de Ouro Preto/Site oficial, gestão Angelo Oswando de Araújo Santos
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Amarantina
Cresceu a cidadezinha aos pés da velha capela que mais tarde os féis transformariam em uma grande igreja, com duas torres imponentes. Insiste a lenda em dizer que a atual igreja, que no século XIX substituiu a antiga capelinha, é réplica em menor tamanho da Igreja de São Gonçalo do Amarante, em Portugal. Vinte anos atrás sua capela-mor foi, infelizmente, destruída. A imagem original do santo também se perdeu. Conserva hoje em seu interior, de interesse artístico, dois altares em estilo D João V, simplificados, e um curioso chafariz de pedra.
Pouco distante da igreja encontram-se as ruínas de uma imensa casa construída de pedra. Atribui a tradição popular que o casarão foi construído pelos primeiros bandeirantes que lá chegaram nos idos do século XVII. Parece realmente, pela análise estrutural, que se trata de construção muito antiga. Porém não foram encontrados documentos acerca da verdadeira origem da 'Casa Bandeirista' e, nem tampouco, da própria Amarantina. Acredita-se que o povoado tenha surgido em meados do XVIII quando a produção agrícola de Cachoeira entrou em seu apogeu, reservando para os agricultores da baixada o plantio de alguns produtos especiais cujo terreno encharcado era propicio - como o alho, por exemplo. Esta baixada, porque estava constantemente inundada pelas águas do Rio Maracujá, recebeu o nome de Tijuco. Posteriormente São Gonçalo do Tijuco, em homenagem ao santo vindo de Portugal. Coexistiu daí em diante com a denominação de São Gonçalo do Amarante, em lembrança da cidade de origem da imagem. No século XX arbitrariamente mudaram-lhe o nome para Amarantina.
Nos fins do século XVII milhares de aventureiros afluíram aos territórios mineradores das Gerais. Dentre estes cumpre frisar o Arraial de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Pereira, raro exemplo - entre estes principais núcleos afastados da Vila - em que o topônimo é lembrança direta aos primeiros povoadores.
Mas, quem era o homem Antônio Pereira? Vários historiadores estão de acordo que se trata de Antônio Pereira Machado, português, nascido na Freguesia de São João de Caldas, Termo da Vila de Guimaraens, Arcebispado de Braga. Este imigrante, dos muitos que de Portugal vieram na febre aurífera, foi certamente o descobridor e primeiro explorador da região que hoje leva seu nome. Entre 1700 e 1701, fugindo da fome que grassava entre os mineradores, estabeleceu-se nas cercanias do atual distrito.
Em 1703 o mesmo Antônio Pereira mudou-se para o Arraial do Carmo. Diz Salomão de Vasconcelos que o verdadeiro fundador do Arraial do Carmo também foi Antônio Pereira que o encontrou, em 1703, exaurido de víveres. Anos depois, uma vez necessário, doou sua sesmaria quando da criação da Vila do Carmo, em 1711. Vê-se que a Cidade de Mariana deve muito ao Antônio Pereira.
Das muitas minas que se espalharam pela região de Antônio Pereira cumpre citar: Mata-Mata, Romão, Macacos, Manuel Teixeira, Capitão Simão, Fazenda do Barbaçal, Mateus, Mateus das Moças, Rocinha etc.
Devem-se destacar no distrito como pontos históricos importantes: as ruínas da antiga Matriz, incendiada no século XIX, e a Gruta de Nossa Senhora da Lapa, alvo de romarias intensas no mês de agosto. Observe-se, entrementes, que o povoado se desenvolveu no eixo, outrora provável rota processional, formado entre a antiga Matriz, destruída, e a atual, adaptada no século XIX para os ofícios paroquiais, sendo este espécie de caminho tronco, parte da 'estrada do mato-dentro'.
Segundo a tradição, por volta de 1680 um aventureiro chamado Manuel de Mello teria se estabelecido em Cachoeira, tornando-se o seu primeiro morador. Provas concretas sobre sua existência são escassas. Um dos livros da Irmandade do Santíssimo Sacramento deixa entrever, num assento de 1709, que o primeiro nome do lugar foi Cachoeira do Manuel de Mello. Recentemente foi encontrada na Matriz de Nossa Senhora de Nazaré (obra digna de visita pelos lavores em talha dourada) uma pequena bússola confeccionada em meados do século XVII. Este instrumento, típico dos bandeirantes, talvez seja a prova mais convincente que realmente aventureiros se estabeleceram em Cachoeira no último quartel dos anos de 1600.
Em sua Monografia Histórica Pe.Afonso de Lemos afirma que o povoado teve início nos anos de 1700 e 1701 quando uma grande fome abateu os mineradores, forçando a procura de espaços propícios para o plantio. Pela fertilidade do solo e amenidade do clima, Cachoeira tornou-se então um dos centros regionais de produção agrícola.
Cabe ainda salientar que - pela posição estratégica (proximidade do Capão do Lana e do Xiqueiro dos Alemães, pontos de convergências das principais estradas mineiras do XVIII) aliada a outros fatores (como a amenidade do clima) - Cachoeira foi escolhida como lugar ideal para se construir um Palácio de Campo dos Governadores (também chamado de Palácio da Cachoeira ou Palácio de Recreio ou ainda, Palácio de Veraneio). Em 1782 Dom Rodrigo Jozé de Menezes transformou a edificação numa luxuosa residência, que contava, entre outras regalias, com um imenso lago artificial (100 x 35m) com capacidade de armazenamento estimada em mais de 20 milhões de litros d'água. Neste lago ziguezagueava até uma embarcação a vela, um scaller, de 7m de comprimento. A poucos quilômetros deste Palácio, mandou outro governador - desta vez Dom Antônio de Noronha - construir um quartel destinado a ser a Sede da Cavalaria Paga das Minas, isto no ano de 1779, conforme ainda se lê no brasão de pedra-sabão do seu frontispício. Ambas edificações foram doadas aos salesianos e são hoje, respectivamente, o chamado 'Colégio das Irmãs' e o Colégio Dom Bosco.
Nas cercanias do atual Engenheiro Corrêa existiu em outros tempos um antigo povoado cognominado Santo Antônio do Monte. Em torno da pequena capela (ainda existente) várias fazendas se estabeleceram (vestígios de vários e extensos muros de pedra seca, limítrofes destas fazendas, ainda podem ser vistos em várias partes). A poucos metros do adro da capelinha existe ainda uma pequena e rústica construção de pedra, herança de um povoado a muito desaparecido.
A atual sede do distrito se desenvolveu em torno da estação ferroviária inaugurada em 1° de dezembro 1896, com o nome de Estação Sardinha (lembrança àquela vasta região banhada pelo Ribeirão Sardinha). Por ocasião da inauguração houve grandes festejos que prenunciavam, de certa forma, o desenvolvimento futuro. Devido ao crescimento urbano considerável (em 1930, por exemplo, o cartório já fora instituído), em 1953 o lugar foi elevado à categoria de distrito pela Lei N° 1039, de 12 de dezembro daquele ano.
O topônimo atual é uma homenagem a Manuel Francisco Corrêa Júnior, engenheiro supervisor da Estação Sardinha e falecido em desastre nas proximidades da estação.
O nome mais antigo de Casa Branca do qual se tem registro é Santo Antônio das Minas de Balthazar de Godoy. Este Balthazar possuía, segundo Pe.Afonso, uma ermida com três altares e uma imagem de Santo Antônio. Quando em meados do século XVIII deu-se início a construção da atual Matriz estes altares foram inseridos no interior da igreja, como estão até hoje, preservados na nave. Estes retábulos, mesmo estando atualmente muito repintados, deixam entrever partes do douramento da talha primitiva, em um Nacional Português que muito se assemelha ao de São Bartolomeu.
Dispomos de poucos dados acerca da construção da antiga Matriz de Casa Branca. O início das obras se deu em 1757 e o fim provável foi em 1764, data existente na peanha da cruz que encima o frontão. Foram arrematantes José Coelho de Noronha, Antônio Moreira Gomes e Tiago Moreira. Ereta originalmente para servir de Matriz somente em meados do século XIX é que passou a ser filial da Matriz de Nossa Senhora de Nazaré de Cachoeira do Campo (este fato aconteceu também com a Igreja de São Bartolomeu).
No século XX o poder público mudou o velho nome do povoado para Glaura, alusão ao poema do árcade Silva Alvarenga. Contudo, a população ainda conserva o nome primitivo, chamando o povoado somente de Casa Branca.
O arruamento primitivo se desenvolveu em torno da pequena capela, depois transformada em Matriz. Algumas ruelas atingiam, desde a praça principal, parte da antiga Estrada Real do Sabará, que, em Glaura, forma rua com interessante casario conservado. Esta rua, muito pitoresca, atingia a Praia do Rio das Velhas a pouca distância do centro do arraial.
Passado os primeiros anos da exploração aurífera, caracterizado pela exploração intensa, muitas minas se esgotaram rapidamente, trazendo estagnação econômica a vários lugarejos e arraiais. Todavia, novas expedições continuaram esquadrinhando o território minerador, mesmo já encontrados os veios de maior abastança. Neste contexto se insere o surgimento de Lavras Novas que, como o próprio nome indica, marca lugar de exploração aurífera mais recente, se comparada com outros arraiais mais antigos (como São Bartolomeu e Antônio Pereira).
Em 9 de outubro de 1762, a pedido dos moradores do lugar, a Capela de Nossa Senhora dos Prazeres foi erigida à capela filial da Freguesia de Santo Antônio de Itatiaia (atual Itatiaia, distrito de Ouro Branco). Este orago - Nossa Senhora dos Prazeres - é bastante incomum na região das minas.
Guarda o povoado ainda a característica dos primeiros arruamentos abertos pelos mineradores, sem grandes intervenções posteriores: é certo que o casario não é original ou possui homogeneidade, mas o formato de acampamento, ereto em torno da antiga ermida, foi mantido no largo que se formou à frente e aos fundos da atual igreja (reerguida, ao que parece, na segunda metade do século XVIII). O gracioso cruzeiro de pedra, que orna o largo citado, é símbolo da fé dos primeiros povoadores, marcando o fervor religioso barroco no espaço público das ruas.
Corre lenda muito disseminada que o local tenha em sua origem um quilombo para o que, contudo, não encontramos documentação comprobatória. A prevalência da população negra tem cerne no século XIX quando o exaurimento das lavras deve ter forçado o abandono da população branca que, já à esta época, deveria estar em profundo processo de mestiçamento. Lavras Novas só foi elevada à categoria de distrito no ano de 2005.
Desde o século XVIII dominava as cercanias do atual distrito de Miguel Burnier o lugar conhecido por Chiqueiro do Namon ou Xiqueiro do Alemão (sendo chamado somente de "Xiqueiro" no famoso mapa de Cláudio Manoel da Costa). Possuía especial importância, pois que aí perto se encontravam o Caminho Novo e o Caminho Velho, no local chamado de "Rodeio", já referido por Antonil.
No começo do século XX, nas proximidades do 'Xiqueiro', se instalou uma famosa fundição - a Usina Wigg - cuja produção era escoada pela estrada de ferro que ia a Ouro Preto e que passava nas proximidades. O 'Xiqueiro' foi gradualmente abandonado quando o lugarejo de São Julião passou a ser ponto estratégico pela maior proximidade da ferrovia e da usina (já em 1884 uma promissora estação ferroviária foi instada no local).
Em 1911 São Julião foi elevado à categoria de distrito (em detrimento do antigo 'Xiqueiro' que nunca fora elevado a tal). Em 1948 o distrito passou a se chamar Miguel Burnier em homenagem ao engenheiro Miguel Noel Nascentes Burnier, diretor da estrada no ano da inauguração da estação (1884).
Parte do casario se desenvolveu em torno da antiga estação, com arquitetura típica. Outra vertente da expansão urbana se deu nas proximidades da imponente igreja do arraial. Esta expansão, irregular, deu a feição atual do distrito, ainda com arruamento confuso, e, por isso mesmo, curioso e pitoresco.
Os primeiros registros relativos ao local denominado José Correia sempre estão ligados à Santa Quitéria do Alto da Boa Vista, antiga paragem colonial, hoje abandonada, nas proximidades de Rodrigo Silva. A mineração de topázio sempre esteve presente na história do lugar. Viajantes estrangeiros já registravam a exploração de topázio no início do século XIX. Algumas destas lavras eram gigantescas, empregando centenas de escravos.
Até a chegada dos ferroviários José Correia compunha-se de fazendas espalhadas por léguas de distância. A mais famosa delas é a Fazenda do Fundão, ainda existente. Nesta fazenda nasceu em 1870 Alfredo Fernandes dos Prazeres personagem importante na construção da nova cidadezinha ferroviária. Quando no começo da década de 1880 fez-se o projeto da estrada de ferro ligando o Rio de Janeiro à Ouro Preto, projetou-se também uma nova paragem a se estabelecer em José Correia, que teria seu nome mudado para Rodrigo Silva em homenagem a um ministro imperial. O complexo ferroviário - inaugurado por Dom Pedro II em 1888 - estendeu-se posteriormente de um lado a outro, paralelo à estrada de ferro. Esta conformação urbana em torno da antiga ferrovia deu a feição atual do arruamento, que, grosso modo, se estende por uma larga e comprida rua principal paralela aos trilhos. Desta rua principal partem pequenas ruelas ou becos que atingiam, outrora, sítios e fazendas, nos fundos dos vales.
No começo do século XX fundou-se a Sociedade Musical Santa Cecília de Rodrigo Silva, símbolo primeiro da cultura desenvolvida pelos ferroviários. No arquivo desta banda encontram-se composições feitas pelos ferroviários, demonstração de grande apuro musical. Hoje nos trilhos de Rodrigo Silva não passam mais trens, mas a cultura do topázio continua, com a exploração do famoso topázio imperial, único do mundo.
Sabe-se que no século XVIII pequena capela já marcava o solo do atual distrito de Santa Rita. Esta pitoresca capela, típica das primitivas edificações religiosas mineiras (com frontão triangular e telhado simples de duas águas), possuía uma portada em pedra-sabão e capela-mor com altar artisticamente trabalhado. Em 1964 a capelinha foi infelizmente destruída. Em seu lugar se ergue hoje uma ampla igreja de feição moderna. O antigo acervo de imagens, contudo, ainda está conservado no interior da nova igreja. O povoado, propriamente dito, só se desenvolveu com arruamento expressivo durante o século XIX. Caminhos de tropeiros e rotas antigas de comércio fizeram a prosperidade dos fazendeiros e comerciantes da região, invariavelmente ponto de pouso de tropeiros e rotas das suas caravanas. Estes velhos caminhos guiaram, como era de se esperar, a expansão urbana.
A pedra-sabão que ornava o frontispício da igreja citada acima foi abundantemente extraída no século XVIII para manuseio nos canteiros de obras de toda região, porém seu uso desde meados do século XIX foi esporádico. A partir da década de 1970 a extração de pedra-sabão toma novo fôlego, impulsionada pelo artesanato e turismo. Hoje o distrito de Santa Rita é o maior produtor de pedra-sabão do município.
O antigo povoado de Santa Rita de Cássia só foi elevado a distrito pelo Decreto-Lei N° 148, de 17 de dezembro de 1938, quando passou a ser denominado, oficialmente, com o nome de Santa Rita de Ouro Preto.
Desde sua fundação Santo Antônio do Leite esteve ligado à Cachoeira. Várias famílias dos dois locais possuem troncos familiares comuns. Santo Antônio do Leite só se separou oficialmente de Cachoeira, como distrito autônomo, nos primeiros anos do século XX. As fazendas da região abasteciam Cachoeira de leite e bananas - Santo Antônio do Leite já foi um dos maiores produtores de bananas do Brasil.
O principal monumento do 'Leite', visível de vários pontos e ao longe, é a Igreja de Santo Antônio. Conta a lenda que certo personagem apareceu por lá nos idos do século XIX. Veio cumprir uma promessa: construir uma grande igreja para Santo Antônio, santo de quem alcançara um milagre. Com muito esforço e esmola, por fim, a capelinha deu lugar a uma ampla e graciosa igreja. Para decorar os tetos do templo contrataram um filho de Santo Antônio do Leite, o famoso pintor Honório Esteves.
Na década de 80, infelizmente, a capela-mor da igreja foi derrubada para ampliação do espaço interno e o altar principal se perdeu. Fruto da falta de conscientização patrimonial, este tipo de ação tem suprimido muitas páginas da história de Minas. Porém o visitante pode ainda vislumbrar a grandiosidade das pinturas de Honório Esteves. As obras deste pintor estão entre os principais legados do século XIX à cultura mineira.
O arruamento se desenvolveu em torno da igreja que, por sua vez, se encontra à beira de movimentado caminho antigo. Este caminho outrora rumava, como trajeto secundário e opcional, ao Ouro Branco e às Congonhas.
Entre os vestígios físicos remanescentes dos primórdios do povoamento minerador no atual distrito de Santo Antônio do Salto, cumpre destacar a paragem denominada Fundão da Cintra, com graciosa capelinha ainda existente. Esta paragem situava-se às margens de um antigo caminho de abastecimento, rota secular de tropeiros que negociavam nas fazendas e vendas da região.
Confina o atual distrito com o município de Mariana em cujas terras, do outro lado da imponente serra, nasceu o poeta inconfidente Cláudio Manuel da Costa. Corre interessante lenda local que o menino Cláudio teria sido batizado na capelinha do Fundão da Cintra. A verdade é que um caminho tortuoso e íngreme ligava as fazendas marianenses ao Salto, não sendo improvável visitas freqüentes da ilustre família Costa.
O arruamento antigo do distrito se concretizou em torno da pequenina Capela de Santo Antônio (hoje destruída). Outras vertentes da expansão urbana se insinuaram timidamente às margens de velhos caminhos.
O Arraial do Apóstolo São Bartolomeu é dos mais antigos das Minas, sendo seus mais remotos documentos datados de fins do século XVII. Entre os vestígios remanescentes do período áureo cumpre destacar a Igreja do padroeiro, cujos altares demonstram uma fatura recuada em Estilo Nacional Português, isenta ainda da ornamentação antropomorfa (que está presente na Matriz de Cachoeira, por exemplo). A própria arquitetura desta igreja é prova também da antiguidade do local, sendo a fachada - com suas três janelas, as torres com telhadinho e os cunhais de madeira - típica da primeira 'fase' construtiva que Minas conheceu. Sua fachada e seu interior, bem preservados, nos dão uma idéia de como eram as primeiras igrejas matrizes erguidas com o esforço dos mineradores.
No interessante casario preservado neste povoado podemos encontrar certas curiosidades. Em algumas casas, por exemplo, encontram-se raridades do século XVIII e XIX: oratórios públicos inseridos nas construções. Há pelo menos três destes oratórios na rua principal. O casario se estende por uma comprida rua retilínea (certamente projetada), sendo dominada, de um lado, pelo largo da Matriz, com seus muros de arrimo de pedra.
Os enormes monturos de cascalho ao longo do Rio das Velhas (a poucos quilômetros das nascentes), as muitas minas e saris (ou sarilhos) indicam a atividade mineradora dos primeiros anos do setecentos. Foi encontrado há poucos anos, perto desses monturos, um delicado estojo de cadinhos, com numeração ainda preservada, usado, ao que parece, na pesagem do ouro.
Em agosto a imagem de São Bartolomeu é alvo de romarias vindas de várias partes do Brasil, à procura dos milagres do padroeiro. Na festa do santo apóstolo, o mundo profano se mistura com o sagrado, barracas de jogos e doces se misturam com vendedores de velas e terços. Gente de toda a parte movimenta o pequeno povoado. Esta religiosidade, sempre presente em São Bartolomeu, nos legou várias manifestações culturais.
Fonte: Prefeitura Municipal de Ouro Preto/Site oficial, gestão Angelo Oswando de Araújo Santos