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Música, doutor, para aliviar a dor dos pacientes

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EXCLUSIVO VEJA.com

Música, doutor, para aliviar a dor dos pacientes

31 de julho de 2009

Por Natalia Cuminale


(Foto: Getty)

"Um mundo sem música seria absolutamente sombrio e desumano", resume o pesquisador Ralph Spintge, presidente da Sociedade Internacional de Música na Medicina, em Lüdenscheid, Alemanha, e diretor do Departamento Pain Medicine, do Hospital Sportklinik Hellersen. Ele estuda há 35 anos o uso da música como instrumento terapêutico na história da humanidade e realizou pesquisas com o uso de canções para aliviar a dor e ansiedade em pacientes que passaram por cirurgias.

Em um de seus trabalhos, Spintge mostrou que a exposição de um paciente a sessões musicais de 15 minutos antes de uma operação provoca sensação de bem-estar capaz de reduzir o uso de anestésicos e sedativos em até 50%. Então a música cura? "Não. A música não é uma ferramenta de cura por si só. Mas ela facilita e reforça outras medidas terapêuticas, como a medicação para dor, drogas sedativas e psicoterapia", responde o médido alemão. "Ao mesmo tempo, ela reduz níveis de stress tanto psicológicos como biológicos".

No Brasil, a constatação é a mesma. Em um estudo preliminar, a psicóloga Danielle Misumi Watanabe, do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo, percebeu que pacientes que ouvem peças de Mozart, Vivaldi e Bach durante o procedimento de cateterismo registraram uma redução significativa de ansiedade. Por conta desses e de outros inúmeros estudos, levados a cabo nos últimos anos, a música está cada vez mais presentes nos saguões e quartos de hospitais.

A terapia musical na história

Usar a música para cura, bem-estar e recuperação é prática milenar

 
O filósofo Platão (século IV a.C.) usava a música para eliminar angústias
No Egito Antigo, o objetivo era estimular a fertilidade feminina
No século XVIII, a música passou a ser usada em tratamentos hospitalares
No século XIX, investigou-se o elo com temas fisiológicos e psicológicos
Na II Guerra, soldados ouviam canções para combater o cansaço
Hoje: pesquisas sobre suas propriedades analgésica e ansiolítica
Fonte: Danielle Misumi Watanabe, psicóloga do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo
 

Ressonância musical - Em uma sala de exames de ressonância magnética do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, por exemplo, o paciente conta com a ajuda de um telão, que apresenta imagens de paisagens acompanhadas por música launge ou erudita. "Os exames de ressonância são barulhentos e desconfortáveis, e o paciente tem ainda de entrar em um tudo. Tudo isso cria uma carga de ansiedade para ele", explica Marcos Roberto de Menezes, radiologista do Centro de Diagnósticos do Sírio-Libanês. "Usamos a tecnologia, as imagens e a música, para amenizar o local, deixando-o mais acolhedor do que os ambientes hospitalares são em geral".

A música também faz parte do cotidiano do HCor paulista. Em dias pré-determinados, diferentes músicos comparecem ao local para executar peças dirigidas aos pacientes. "A música ecoa para os quartos, as pessoas saem felizes, abrem as portas para ouvir", conta Silvia Cury, fundadora do projeto e psicóloga do HCor. "É ótimo para quem está sofrendo, pois faz com que essa pessoa queira melhorar, se cuidar", completa.

Nem toda ação de humanização é bem recebida nos hospitais. Mas a música parece não enfrentar resistências. Wilze Laura Bruscato, presidente do Comitê de Humanização Hospitalar e chefe de Psicologia da Santa Casa de São Paulo, atesta que o local nunca recebeu reclamações. "A música reproduzida aqui não se destina apenas ao paciente: o familiar e o funcionário também se beneficiam dela", explica. De acordo com psicóloga, um estudo já mostrou que a inserção de elementos lúdicos como a música no cotidiano da pediatria do hospital ajudam na recuperação mais rápida das crianças.

Fonte: Revista Veja ed 2124

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