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Biblioteca de São João del-Rei pede socorro | Biblioteca Municipal Baptista Caetano d`Ameida
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Biblioteca Municipal Baptista Caetano d`Ameida
Quem está vivendo drama e pede socorro para salvar uma importante coleção de jornais mineiros é a Biblioteca Municipal Baptista Caetano de Almeida, de São João del-Rei. Inaugurada em 1827, é a primeira instituição pública no gênero em Minas Gerais. O acervo está se degradando devido à contaminação por fungos e bactérias, com as folha soltando pedaços. São cerca de 4,2 mil exemplares de cerca de 40 publicações, editadas entre 1829 e 1938, com títulos como Astro de Minas, O Imparcial, A Bigorna, O Collegial, A Caveira, Sentinella e A Gralha. Devido aos problemas, o acesso à coleção já foi interditado, assim como o processo de digitalização.
“Nossa prioridade é a restauração física das publicações”, afirma Rose Oliveira, bibliotecária da instituição, explicando que a biblioteca inicia luta para conseguir recursos para o projeto. “É material que, com riqueza de informações, constitui panorama histórico da passagem do século 19 para o 20”, explica. “Estamos vivendo situação gravíssima, com ameaça de perda completa dos originais, fontes primárias de informação para muitos pesquisadores”, completa. A bibliotecária avisa que não é muito diferente a situação de outros documentos que estão no local, como as Atas da Câmara Municipal de São João del-Rei, para os quais são necessários trabalhos semelhantes aos que pedem os jornais.
A biblioteca, conta o professor Sérgio Farnese, foi criada no âmbito de movimento por uma sociedade politécnica, com objetivo de ser meio de instrução da população. O nome Baptista Caetano d'Almeida é homenagem ao fundador e principal incentivador, que, em 24 de julho de 1824, encaminhou petição à Cortesolicitando autorização para criar uma livraria pública. O primeiro acervo foi coleção dele. Em 1824, foram feitas as primeiras tentativas de inaugurar a biblioteca, mas o estado recusou-se a prover qualquer tipo de recurso para sua manutenção ou ampliação. Só em 1827 a biblioteca começou a funcionar, tendo como sede uma das salas da Santa Casa da Misericórdia. Baptista Caetano manteve a biblioteca até 1836, vindo a falecer em 1838, ficando o local aos cuidados da municipalidade.
História
“As autoridades e o patrimônio histórico precisam dar atenção à coleção de jornais da biblioteca. Não é só história de São João del-Rei, mas do Brasil. E até do mundo, quando se observa que são publicações editadas pela principal colônia do império português”, defende Sérgio Farnese. O impressionante número de jornais editados em São João del-Rei, para ele, revela o quanto a cidade, que os inconfidentes queriam transformar em capital, tinha vida social, econômica e intelectual ativa. O viajante inglês Robert Walsh, que passou por lá na época, não só registrou que a cidade tinha a primeira impressora de jornais do Brasil, como considerou que São João tinha maior dinamismo intelectual que São Paulo. No Colégio Santo Antônio estudaram João Guimarães Rosa, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos.
Sérgio Farnese já fez pesquisa na coleção de jornais e também afirma que o material é muito rico de informações. Neles, exemplifica, há artigos do jovem Tancredo Neves até anúncio do compositor João da Mata (que tinha entre seus admiradores Carlos Gomes), vendendo partituras para comprar passagem para o Rio, onde esperava editar suas composições. “O meu medo é que tudo isso se perca”, alerta o professor, sem esconder incômodo “com a situação da biblioteca, que não recebe a atenção que merece”.
Fonte: www.divirta-se.uai.com.br