São João sedia evento sobre Caminho Novo
Seminário irá acontecer na Academia de Letras

Por volta de 1.700 a Coroa Portuguesa criou entre o Rio de Janeiro e Ouro Preto um trajeto
que garantia chegada direta dos minerais explorados por aqui à Realeza. Ao percurso que hoje
inclui cidades como Petrópolis (RJ), Ouro Preto, Ouro Branco, Conselheiro Lafaiete, Carandaí,
Santos Dummont, Barbacena e Juiz de Fora (MG) foi dado o nome de Caminho Novo. Mais de 300 anos depois, incluído no Projeto turístico da Estrada Real, o trecho guarda histórias que ultrapassam o mero canal
de transporte nos séculos de exploração econômica em Minas e contam no mapa, também, com  grandes personagens e feitos históricos. Não por outro motivo, os quilômetros entre Rio de Janeiro e as Gerais atraem
o interesse de centenas de pesquisadores de todo o país. Parte deles participa do II Encontro de pesquisadores do Caminho Novo de Minas Gerais, sediado em São João dei-Rei até amanhã, 21. Embora a cidade integre o chamado Caminho Velho, localiza-se no eixo entre municípios do Caminho Novo e, ainda,
luta pelo reconhecimento como cidade natal de Joaquim José da  Silva Xavier, o Tiradentes, nome máximo da Inconfidência Mineira. Daí a escolha de São João como cidade hospedeira dos encontristas.
Com agenda aberta ontem, 19, o evento itinerante saiu de Barbacena, a 60km, e fez parada no município em 2011, onde deve receber mais de 50 apaixonados pela  história do Caminho Novo na sede da Academia São-joanense de Letras. No cronograma, maratona de palestras e mesas redondas com início, hoje, 20, às 8h30. Mas a troca de figurinhas e experiências acadêmicas não para por aí. Durante a tarde os participantes do encontro farão um passeio pela Estrada Parque entre Tiradentes e Prados, além de almoço de confraternização em uma pousada local. À noite, programa musical e jantar encerram a programação deste sábado.
Amanhã o seminário dos pesquisadores' termina com missa no Templo da. Venerável Ordem Terceira de São Francisco de Assis, cantada em latim pela Orquestra Ribeiro Bastos.

Origem
Com inscrições ainda aceitas e taxa de R$30, o evento realizado em parceria com. o Centro  de Memória Belisário Pena é focado em quem faz pesquisas históricas independentes ou vinculadas a instituições. "Posso definir essa realização como um encontro de pesquisadores para pesquisadores com o objetivo de ampliar redes de contatos e mostrar trabalhos muitas vezes desconhecidos, mas de suma importância. Não existe finalidade lucrativa. A ideia é juntar investigadores, interesses, trabalhos e novas perspectivas em um só
lugar", explicou o pesquisador de História Regional e um dos organizadores do evento, Edson Brandão. Foi dele o pontapé inicial para que o seminário acontecesse em Barbacena no ano passado e seguisse ercorrendo
diferentes locais 'todos os anos.  "Com muito tempo de trabalho pude observar que sempre tinha contato com pessoas de diferentes cidades, envolvidas com diferentes temas, mas não fazia parte de um grupo consolidado. Esses contatos não estavam li gados. Quando existe um ponto em que podemos trocar ideias,
conversar pessoalmente e mostrar o que fazemos, esses laços se fortalecem e a pesquisa histórica ganha muito. Se mantemos essa dinâmica itinerante, melhor. Em cada lugar vamos atrair mais pessoas, ainda", disse Brandão, lembrando que ao final do encontro uma assembleia com os participantes já deixará definida a próxima sede do evento.
Além disso, todo o debate e troca de informações será publicado na internet mais tarde compondo um acervo acessível e de importância acadêmica.

Temática
De plantas medicinais encontradas no Caminho Novo à cartografia do espaço e monumentos históricos, o II Encontro de Pesquisadores incluiu na pauta um leque variado de assuntos tratados por especialistas de instituições como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), a Biblioteca Pública de Juiz de Fora e o próprio Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan).
Para o atual presidente da Academia São-joanense de Letras, José Cláudio Henriques, o momento não poderia ser mais oportuno para receber um evento desse porte. "Neste ano celebramos 40 anos da Academia e já estamos planejando uma maratona de eventos em comemoração a esse momento. O encontro que recebemos agora é o pontapé inicial dessas celebrações em uma localidade que viu nascer personagens
como Tiradentes e mesmo Nhá Chica, prestes a ser canonizada", lembrou Henriques.

Fonte:  Gazeta de SJDR, 20 de Agosto de 2011