São João del Rei Transparente

Melhores Práticas

. Linguagem dos Sinos de São João del-Rei

Descrição

Documentário Voz dos Sinos . Thiago Morandi
A linguagem do Toque dos Sinos de São João del-Rei . Jairo Braga Machado
Onde os sinos falam: São João del-Rei . João Correia Filho
Semana Santa em São João del-Rei
Sentinelas Sonoras


Linguagem dos sinos . modalidades dos toques


- Dobre simples, quando o sino cai pelo lado em que está encostado o badalo, ocasionando uma só pancada em cada movimento;
- Dobre duplo, quando o sino caindo pelo lado contrário ao que está encostado o badalo, provoca duas pancadas em cada movimento;
- Repiques, quando o movimento é feito somente pelo bater dos badalos, com o sino parado.

Com esta explicação, passemos aos registros dos toques:

  1. AVISO DE MISSAS
    A ½ hora e 15 min., antes da hora marcada para a celebração é dado o sinal no sino pequeno, em pancadas seguidas. No final de cada toque de entrada, as pancadas espaçadas indicam quem será o celebrante.
    Exemplo:
    3 pancadas - o coadjutor
    4 pancadas - o vigário
    5 pancadas - o bispo
    7 pancadas - o arcebispo
    1. Se for missa festiva, repique depois da entrada e, no final, a indicação de quem vai celebrar. Se houver sermão em missa cantada, há dobre do sino grande.
    2. Na hora da consagração, 1 pancada em cada sino.
    3. Na hora da elevação, depois da consagração, repique ligeiro.
    4. No final da Missa, repique.
    5. Havendo Bênção do Santíssimo, em qualquer situação, haverá repique no meio do "tantum-ergo" e repique ligeiro e baixo durante a Bênção.
    Em qualquer ato haverá o toque de "entrada" referido na letra "a" (18 ou mais pancadas).

  2. NOVENAS E MÊS DE MAIO
    Repique às 12:00, 15:00 e 18:00 horas. Terminado o ato, repique e depois o toque de "almas", no sino grande (9 pancadas espaçadas).

  3. CHAMADAS DE IRMÃOS
    1. Para enterros ou procissões: 18 pancadas ou mais, no sino grande.
    2. Para eleição ou definitórios: 9 pancadas no sino grande. 1 hora, 30 minutos e 15 minutos, antes do horário estabelecido.

  4. FESTA EM HOMENAGEM AOS SANTOS
    Na véspera de festa de um santo que vai ser homenageado, repique às 20:00 horas, no sino grande, com dobre na igreja onde vaio ser realizada a festa.

  5. FINADOS
    1. Na véspera de "finados", às 12:00 e 20:00 horas, dobre de defuntos (1 pancada em todos os sinos).
    2. No dia de "finados", dobre de duas pancadas na hora da celebração da Missa.
    3. Ao meio dia, 15:00 e 18:00 horas, dobre em todos as igrejas.
    4. Nas vésperas de aniversários dos mortos de cada Ordem ou Irmandade haverá dobre de defuntos (2 pancadas), às 20:00 horas.
    5. Na hora da Missa e do Liberta-me, dobre.

  6. ENTERRO DE IRMÃOS
    1. Homens - três dobres de 1 pancada.
    2. Mulheres - dois dobres de 1 pancada.
    3. Crianças - (menores de sete anos), repique festivo, na hora do enterro.
    4. Se o homem foi mesário, dobre na hora em que se tornou conhecimento do falecimento e na hora do enterro (três dobres de duas pancadas).
    5. Se a mulher foi mesária, ídem, dois dobres de duas pancadas.
    6. Se o irmão prestou grandes serviços à Ordem ou Irmandade, dobres de 1 em 1 hora, a critério da Mesa.
    7. Falecimento do Papa, dobre de hora em hora, em todas as igrejas.
    8. Ídem do Bispo, dobres de 3 em 3 horas.
    9. Ídem do Vigário, dobres de 4 em 4 horas.
    10. Ídem de Padre, 5 dobres comuns.
    Nota: Os dobres para Papa, Bispo, Vigário são feitos em sentido contrário, isto é: começam pelo sino grande, prosseguindo pelo médio e terminando no pequeno.

  7. AGONIA
    No sino da Ordem ou Irmandade onde o moribundo é irmão, 9 pancadas no sino médio, bem espaçadas, de 15 em 15 minutos.

  8. INCÊNCIO
    Rebate - pancadas no sino grande, seguindo do médio, ligeiras com pequenos intervalos.

  9. NATAL
    Dia 24, às 22:00 horas, dobres. Às 23:00 e 23:30 horas, entrada. Finda a Missa, repique.

  10. PASSAGEM DE ANO
    Havendo Missa, obedece-se as mesmas disposições do dia de Natal.

  11. QUARESMA
    1. Na igreja, onde houver "via sacra", dobre às 15:00 e 18:00 horas, 1 pancada no sino médio.
    2. Durante a "via sacra", 1 pancada no sino médio cada vez que mudar de estação.
    3. Na décima estação, três dobres, indicando a morte de Cristo.

  12. FESTA DE PASSOS
    1. Na Sexta-feira das Dores, às 5:15 horas, Matinas (9 pancadas nos sinos grandes dos Passos e do Carmo, seguidas de dobres); no meio dia, 15:00 e 18:00 horas e na hora da procissão, dobre; no momento em que a imagem sai da igreja, no sino dobra mais rapidamente.
    2. No Sábado de Passos repetem-se os dobres, porém, os sinos de São Francisco substituem os do Carmo que ficam em silêncio.
    3. No Domingo do "Encontro", repete-se tudo nas três igrejas (Pilar, Carmo e São Francisco).
    4. Ao meio dia, dobre nas três igrejas.
    5. Às 16:30 horas toque de chamada de irmãos para a procissão das 17:00 horas.
    6. Na saída da procissão, dobres nas igrejas do Carmo e São Francisco.
    7. Quando a procissão de Nosso Senhor dos Passos atinge o "Passo" da Rua da Prata, os dobres param. Terminados o Responsório e o Mateto, reiniciam os dobres até que o cortejo atinja a Ponte do Rosário, descaindo. Volta a dobrar, a passar pela igreja do Rosário até o "Passo" daquela praça. Terminada a cerimônia, dobres até atingir a Catedral. Nesse ponto, entram os sinos dos Passos e Sacramento que tocam até a procissão passar ao lado da Catedral. Ao atingir a Praça Barão de Itambé, entra o sino das Mercês que toca até a chegada ao "Passo"daquela praça. Terminado o "Encontro" (Sermão do Encontro), toca novamente até chegar ao Largo da Cruz, entrando em funcionamento o sino do Carmo, até que a procissão atinja o "Passo" da Rua Direita. Terminado o ato ali, toca novamente até as proximidades do sobradão de Dona Amélia Ferreira, quando descai pela entrada dos sinos dos Passos e Sacramento, até a entrada da procissão.

  13. SEMANA SANTA
    1. Na quinta-feira Santa, depois do Glória da Missa da Instituição da Eucaristia até o Glória da Ressurreição, nenhum sino toca, seja qual for o motivo.
    2. Na Ressurreição tocam os sinos de todas as igrejas (Toques festivos).

  14. FESTA DA BOA MORTE
    No final da última novena (13 de agosto), toque de matinas do Trânsito de Nossa Senhora (repique: Senhora é Morta); esse repique é usado até no Glória de 15 de agosto, (ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA) com repiques festivos em todos os sinos da Catedral.

  15. TOQUE DE PARTO
    9 pancadas, no sino médio da Igreja das Mercês, de meia em meia hora até a "delivrance".

  16. ANGELUS
    9 pancadas no sino do SS. Sacramento, às 18:00 horas, diariamente.

  17. ALMAS
    9 pancadas no Sinos das Almas, às 20:00 horas, diariamente.

  18. AVE MARIA
    9 pancadas no Sino das Almas, às 21:00 horas, espaçadamente. Nota: Da Ressurreição até Corpus Christi, os toques de Angelus, Almas, Ave Maria serão dados pelos Sinos do SS. Sacramento (pequeno e grande), simultaneamente, naqueles horários.

  19. CHAMADA DE SINEIRO E SACRISTÃO
    3 pancadas no Sinos pequeno, espaçadas, diversas vezes até ser atendido.

  20. RELEMBRANDO A MORTE DO SENHOR
    Um dos dobres que têm desafiado a ação do tempo, é o que nos faz lembrar a morte do Senhor. Todas as sextas-feiras, às 3 horas da tarde, o Sino dos Passos, com sua voz melodiosa, nos traz à lembrança a hora da morte de Jesus. Ao ouvir o dobre, os sanjoanenses se benziam e, antigamente raras eram as casas em que não se observaram o costume de queimar incenso.

Texto: Professor Aluízio José Viegas
Material fornecido pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo
Praça Frei Orlando, 90 - Centro - Telefone: (32) 3372-7338 . São João del-Rei

Fonte: www.cultura.saojoaodelrei.mg.gov.br

***

São João del-Rei terá um Museu dos Sinos


São João del-Rei está perto de ser a primeira cidade de todo o Brasil e da América Latina a possuir um local somente dedicado aos sinos. O Instituto Histórico e Geográfico (IHG) acaba de ser contemplado com o montante de R$ 122.575,00, que será utilizado para a reforma dos galpões do Complexo Ferroviário da Estrada de Ferro Oeste de Minas, conhecido como Rotunda e que abrigará o Museu Estação dos Sinos. A verba, liberada no dia 30 de janeiro último, é proveniente da Caixa Econômica Federal (CAIXA), que patrocina a revitalização de bens do Patrimônio Histórico Nacional, através do Programa Caixa Cultural, sob a gestão do Ministério das Cidades.
De acordo com o vice-presidente do IHG, José Antônio de Ávila Sacramento, o Museu dos Sinos será voltado para a educação patrimonial, com estudos sobre o toque, modo de fazer e a linguagem dos sinos, além de oficinas de aprendizagem para novos sineiros. “A intenção é preservar e difundir a tradição sineira, tanto são-joanense quanto de toda Minas Gerais. Será um museu dinâmico que só possui um similar na Europa”, contou.

A obra
Todo o projeto está orçado em R$ 4 milhões e foi aprovado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura.
José Antônio explicou que o patrocínio da CAIXA se destina à primeira etapa de obras físicas do Museu, que corresponde à realização dos estudos e projetos de arquitetura, paisagismo, instalações hidráulicas, fundações, estruturas e luminotecnia. “Leva em conta, também, o planejamento e detalhamento dos sistemas de ar condicionado e da casa de máquinas, com desenhos, plantas e localizações; projetos de instalações hidráulicas; instalações de prevenção e combate a incêndio; de isolamento sonoro e condicionamento acústico interno”, relatou. Segundo ele, os galpões da Rotunda pertencem ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que já autorizou a obra.
O recurso será direcionado, ainda, para a limpeza e preparo do terreno, transporte de cargas e entulhos, instalações provisórias de água, esgoto e energia elétrica. E de andaimes, tapumes e escoramentos para o início da construção, e às demolições e recuperação de pisos, esquadrias, parede e telhados. Segundo o vice-presidente do IHG, todos esses procedimentos serão realizados entre março e agosto de 2009. “As etapas seguintes da obra serão custeadas por outros investidores e parceiros, de modo a contemplar todo o projeto de reforma dos galpões para instalação do Museu Estação dos Sinos, visando sua inauguração no primeiro quadrimestre de 2010″, adiantou.

O Museu
O Museu Estação dos Sinos está planejado para abrigar espaços expositivos e de interação com o futuro visitante. Entre as atividades a serem desenvolvidas estão o curso “Toques de sinos”, que será voltado para a instrução dos funcionários e monitores do Museu, visando à difusão do conhecimento acerca do acervo e dos toques sineiros. Está prevista a realização de oficinas de fundição e de iniciação ao ofício de mestre sineiro. Em outro espaço estará disponibilizado o acervo virtual do Museu, composto por registros sonoros e visuais da linguagem dos sinos. Os galpões abrigarão também exposições permanentes e temporárias.

Fonte: Folha das Vertentes, 2º quinzena de fevereiro de 2009
Disponível em: Ministério da Cultura


Mais informações:

Sinos que falam serão tema de livro

A tão famosa linguagem dos sinos de São João del-Rei será tema de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de cinco alunos de Jornalismo da Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (Fapcom), de São Paulo (SP).
“Nosso projeto é acadêmico e a proposta é fazer um livro-reportagem sobre patrimônios imateriais registrados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Sudeste, registrados no Livro dos Saberes, que são três: o ofício das paneleiras de Goiabeiras, no Espírito Santo; a técnica de fazer queijo, na Serra da Canastra; e o toque dos sinos de Minas Gerais”, contou a universitária Ana Carolina de Lima Leite, que veio à cidade juntamente com o colega Vinícius da Silva Santos para coletar dados.
Ana contou que um dossiê do Iphan lembra que o toque dos sinos é uma característica recorrente em todo o Brasil, principalmente na região de Minas Gerais, e que São João del-Rei foi escolhida justamente por ser a cidade em que os sinos falam. “Viemos aqui para falar com os sineiros mesmo, essas pessoas que vivem o patrimônio, que produzem isso, para ver como é o ofício e a vida deles e qual é a representatividade disso, já que é uma atividade reconhecida nacionalmente e até pelo mundo, porque a Unesco também tem uma relação com o Iphan”, frisou.
A futura jornalista ainda explicou que a ideia é fazer uma grande reportagem com o perfil dos sineiros são-joanenses e do toque dos sinos como plano de fundo. O trabalho, que conta também com a participação dos estudantes Nathália Carvalho, Ana Paula Araújo e Daniel Gonçalves, começou a ser elaborado em agosto do ano passado e deve ficar pronto em maio.

Personagem
Um dos entrevistados pelos estudantes foi Newton Lopes, que exerceu o ofício na Catedral do Pilar por 20 anos. “Desde pequeno eu frequentava as torres e aprendi os toques. Meu pai, João Resinga, era sineiro e pouco antes de falecer me entregou a chave da torre da matriz. Foi quando peguei a responsabilidade”, disse.
O são-joanense argumentou que gostava muito do ofício, mas quase sofreu um acidente enquanto tocava. “Houve uma vez em que eu estava dobrando e minha aliança agarrou no sino, que já estava me levando para fora da torre. Então dei um arranco e a aliança quebrou”, relembrou.

Fonte: Gazeta de SJDR, 21 de Janeiro de 2012

***

Sinos de SJDR serão tema de documentário

Nos próximos meses, a linguagem dos sinos de São João del-Rei, característica reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Nacional em 2009, poderá rodar o Brasil em forma de documentário. Isso porque a são-joanense Carol Argamim Gouvêa, estudante de Jornalismo na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), teve projeto entre os dez escolhidos na 7ª edição do Programa Rumos Cinema e Vídeo, do Itaú Cultural.

Peculiariedades dos toques dos sinos estarão em documentário - Foto: Arquivo Gazeta
Peculiariedades dos toques dos sinos estarão em documentário – Foto: Arquivo Gazeta

Carol receberá uma verba no valor de R$25 mil para o desenvolvimento do trabalho, que se encaixa na modalidade Documentários para web, e, segundo ela, deve ser finalizado em junho do ano que vem.

A ideia
Ela contou que inscreveu o trabalho no concurso no primeiro semestre deste ano, mas não esperava que ele fosse escolhido. “Quando o resultado saiu fiquei muito surpresa e quase não acreditei”, contou, lembrando que a escolha do tema que dará origem ao documentário Onde os sinos falam partiu da parceria dela com o são-joanense André Neves.
A dupla tinha o objetivo de divulgar uma das características mais fortes de São João del-Rei. “Construímos o tema juntos e pretendemos desenvolver o trabalho dessa forma. Mas na hora de inscrever o projeto só pudemos colocar um nome”, explicou. E completou: “Na nossa categoria, que é de até dez minutos, pensamos: ‘o que colocar em um vídeo com tempo tão curto?’
E ai surgiu a ideia de falar da linguagem dos sinos, tema que é comum para nós que moramos em São João del-Rei, mas que pode ser completamente diferente para quem vive em cidades como São Paulo, por exemplo”, comentou.

União de Mídias
Ela ressaltou que o projeto é uma forma de unir dois meios de comunicação. “A internet é uma via de informações extremamente rápida e moderna. E para quem conhece o significado da linguagem dos sinos, eles também falam e muito. É possível saber de várias coisas apenas prestando atenção nas diferentes badaladas. Diante disso vamos entrelaçar esses dois meios, que apesar de extremamente diferentes, transmitem muitas informações”, disse, lembrando que o tema merece ser registrado.
“Um exemplo de resistência ou uma alternativa? Um eco de uma cultura oitocentista? Queremos saber mais sobre essa tradição, tentar entendê-la, mostrá-la como um pedaço de nossa identidade”, argumentou.

Seleção
O projeto são-joanense concorreu com mais de 60 outros de todo o país e foi o único escolhido de Minas Gerais. “Acredito que isso é bom para a cidade, pois vai divulgar um pouco de nossa cultura e dos nossos costumes em poucos minutos, o que não torna o documentário cansativo”, explicou Carol. Outras informações sobre o Programa Rumos Cinema e Vídeo estão disponíveis em www.itaucultural.org.br.

Fonte: Gazeta de SJDR . 27/10/2012

***

Linguagem do Toque dos Sinos de Minas Gerais é registrada como patrimônio nacional
Aprovação do Conselho Consultivo do Iphan, reunido em São João del-Rei, é recebida com toque de sinos pela cidade

O Toque dos Sinos em Minas Gerais, uma linguagem que muitos mineiros conhecem e que encanta os turistas, acaba de virar patrimônio nacional. O Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan acaba de aprovar o pedido de registro dessa manifestação cultural. A notícia foi recebida com festa na cidade de São João del-Rei, onde o conselho está reunido durante todo o dia de hoje, 3 de dezembro. No instante quem que a aprovação foi dada, igrejas da cidade começaram a badalar seus sinos em comemoração.
A proposta de registro como patrimônio imaterial para O Toque dos Sinos em Minas Gerais, tendo como referência São João del-Rei e as cidades de Ouro Preto, Mariana, Catas Altas, Congonhas, Diamantina, Sabará, Serro e Tiradentes começou a ser preparada em 2001, por iniciativa da comunidade de São João del-Rei. A solicitação chegou ao Iphan que, em 2002, deu início a uma grande pesquisa sobre o assunto.
Além do material já existente, o contato direto com os sanjoanenses foi importante para estabelecer que essa forma de expressão não era exclusiva, apesar de o município guardar especificidades no que se refere à prática da comunicação com o toque dos sinos. Assim, outras oito cidades foram acrescidas à pesquisa com base nas referências a sineiros e toques de sinos, com histórias e lendas em torno deles: Ouro Preto, Mariana, Congonhas do Campo, Diamantina, Sabará, Serro, Tiradentes e Catas Altas, a única entre elas que não tem o sítio urbano tombado pelo Iphan.

A necessidade de salvaguardar
A partir da confirmação de todo um repertório de toques a ser apreendido, preservado e, em alguns casos, recuperado, o Iphan preparou o dossiê que será apresentado ao Conselho Consultivo. O documento avalia que os sinos vêm sendo substituídos por instrumentos eletrônicos, com aval da própria Confederação Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, devido às dificuldades para a manutenção da estrutura que viabilize o toque dos sinos em diferentes momentos da liturgia católica. Segundo a CNBB, o custo da manutenção é elevado e exige a disponibilidade de uma ou mais pessoas para tocar os sinos sempre que necessário.
Outro aspecto que chama a atenção para a necessidade de proteção desse bem cultural é o registro de grande número de sinos rachados, sem badalo ou sem local apropriado para serem instalados. Os equipamentos eletrônicos possuem uma praticidade mais adequada aos dias atuais já que podem ser instalados em qualquer lugar, acionados por qualquer pessoa, programados para tocar em qualquer intervalo de tempo e com uma diversidade de repertório que pode chegar a 300 músicas diferentes.
Entretanto, apesar de toda diversidade e modernidade, o Iphan – MG afirma que o toque dos sinos ainda está presente e sua relação com a população das cidades inventariadas reforça a possibilidade de reconhecimento desse bem como patrimônio. O toque dos sinos é elemento capaz de revelar a diversidade sociocultural característica e presente nessas comunidades. Seus habitantes se reconhecem e se distinguem dos de outras cidades a partir do repertório desses toques e do som diferenciado de cada um daqueles bronzes, por exemplo.
Ainda hoje, nas cidades inventariadas, os toques são religiosos e têm finalidade social e, até mesmo, de defesa civil. Com sinais bem característicos, os nomes dos toques dos sinos, principalmente os repiques, foram criados pelos sineiros ainda no tempo colonial e preservados na tradição oral. Muitos deles são onomatopéicos, exprimindo o som ou ritmo que produzem. Os toques mais conhecidos são Ângelus, A Senhora é Morta, Toque de Exéquias, Toque de Cinzas, Toque de Finados, Toque de Passos, Toque de Treva, Glória de Quinta-feira Santa, Toque da Ressurreição, Toques de Te Deuns, Toque das Rasouras e Procissões, Toques de Incêndio, Toques de Agonia, Toques Fúnebres, Toques Festivos, Toque de Parto, Toque chamada de sineiros, Toque chamada de sacristão, Toque de Posse de irmandade, Toque de Almas, Toque de Missas, Toque de Natal, Toque de Ano Novo, Toque das Chagas ou Morte do Senhor.

03/12/2009
Fonte:
http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.do?id=14882&sigla=Noticia&retorno=detalheNoticia
Jornal nacional:
http://jornalnacional.globo.com/Telejornais/JN/0,,MUL1402731-10406,00-TOQUE+DE+SINOS+DE+CIDADES+EM+MG+E+TOMBADO.html

Ver mais
Onde os sinos falam: São João del-Rei . João Correia Filho

***

Crônicas da Confraria da Boa Morte: o novo sininho da Boa Morte

No início dos anos 80, a Confraria da Boa Morte estava passando por uma grande crise financeira. Passava ano após ano e a situação não se resolvia. Foi então que O nosso estimado falecido maestro Aloísio Viegas, Secretário probo e atuante na Mesa da Confraria, teve uma ideia para resolver os problemas financeiro da Confraria. Arrumar um novo sininho. Seria uma fato novo na época. Desde 1950 que não se via a bênção de um sino na Paróquia do Pilar

Na narrativa que eu conheço, é incerto se estava registrado nos livros da Irmandade, ou se foi recolhido da memória oral do seu Lalau violino da Ribeiro Bastos e antiquíssimo membro da Boa Morte, além de excelente sineiro, que no passado, para as missas de Quarta-feira, se fazia não só o dobre tradicional de Missa, mas também um acompanhamento por um repique chamado " Tenção da Boa Morte" que poderia ser resgatado embora ninguém mais se lembrasse dele direito. E assim foi feito. O sininho da Boa morte, entretanto, desde 1970 já tinha sido incorporado definitivamente na torre do Santíssimo. Até a década de 1960, ele só ia para a torre do Santíssimo durante a Festa da Boa Morte, já que o famoso repique , precisava dos 4 sinos.

Mas dava um trabalho imenso atravessar todo ano o sino pelo telhado. E os sineiros uma hora cansaram dessa trabalheira. Adquirir um pequeno sino para a Irmandade, segundo me relatou o próprio Aloísio, foi uma solução engenhosa para pagar os débitos da Irmandade e ainda fazer um caixa nescessário para o futuro. E assim se fez. Na época a arrecadação a ser feita era de 80 mil cruzeiros,1000 cruzeiros por cota. Difícil saber o que era isso no dinheiro de hoje. Talvez uns 15 mil reais. Ajudei muito a arrecadar, pois minha família era muito ligada à Boa Morte, desde o tempo da minha bisavó Dona Anna Vassallo Dangelo. A iniciativa deu certo e ajudou a Confraria a acertar suas contas.

Quanto ao Sino que foi possível comprar, e uma peça tecnicamente difícil de fazer uma avaliação correta. Aloisio nunca me disse de onde esse sino apareceu. E ele não tinha problema nenhum em falar de um outro sino que ele arranjou para o Rosário. Esse aliás (de sonoridade excelente) veio de uma Capela de fazenda , através do falecido padre Breves. Na nossa análise desse Sino, ele parece um sino da fundição Imperial. Mas não tem os selos tradicionais das duas medalhas. O badalo é uma peça já torneada. Ou seja, não é original. E ele tem um som de pouca vibração, indicando pouco estanho na liga, sendo rapidamente engolido pelo som potente do sino da Boa Morte.

No corpo, é também bem precário o serviço de marcenaria. Enfim, é difícil afirmar se e uma peça original ou encomendada. O certo e que para arrecadar mais, também era preciso fazer economia. Essa é uma regra de contabilidade básica. E o fundamento era arrecadar como prioridade. Aloisio era consciente desses problemas, conversamos algumas vezes, mas sempre me dizia que uma hora que aparecesse uma oportunidade, a solução era refundir numa Fundição profissional pela nota da oitava aguda do lá sustenido do sino da Boa Morte. Ele se foi e o sino apelidado de " teco-teco ( pela sua voz rouca e sem brilho) pelos sineiros sempre brincalhões, ficou de herança.

Quem sabe um dia ainda se arruma essa pequena falha de tão importante inciativa do nosso estimado Aloísio em beneficio da Confraria da Boa Morte. Eu penso que o sino e tão pequeno, que seria melhor levá-lo para a sacristia da Boa Morte como uma lembrança memorialista da Confraria e do nosso amigo. E de tudo de bom que ele fez pela Boa Morte. O preço que qualquer fundidor pagaria pelo seus 25 kg de bronze não paga a história dessa peça.

Abaixo o sino atual na torre da Matriz. Um sino Imperial de mesmo tamanho desse da Boa Morte com os selos e um sino em exposição no Museu dos Sinos.

Fonte: Sentinelas Sonoras

Atualize, compartilhe, inclua ou exclua dados e imagens, cadastros, fotos, ações e projetos sócio-culturais . Todos os créditos e colaborações serão registrados
Dúvidas ou Sugestões? Fale Conosco: alzirah@gmail.com

Video

Compartilhar Imprimir

ESSE PORTAL É UM PROJETO VOLUNTÁRIO. NÃO PERTENCE À PREFEITURA DE SÃO JOÃO DEL-REI.
Contribua ajudando-nos a atualizar dados, ações, leis, agenda cultural etc. Todos os créditos serão registrados.