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Reminiscências de Dr. Tancredo de Almeida Neves em 1944* . Celina dos Santos Braga
Descrição
Como era pessoa correta, teve a sorte de encontrar-se, à porta da estação ferroviária da E.F.O.M.- Estrada de Ferro Oeste de Minas, com um espanhol de nome João Sanchez Robles que procurava algum sócio para abrir um ferro-velho, o primeiro em São João del-Rei. Foi assim que, tendo aceito o convite, trabalhou, se dedicou à nova profissão e se enriqueceu com honestidade.
Exercendo seu trabalho como eletricista, era comunicativo e se cercou de muitos amigos, entre os quais de Dr. Tancredo de Almeida Neves, para quem prestou inúmeros serviços em sua residência, onde funciona a “Gazeta de São João del-Rei”. Sabedor do prestígio que gozava a pessoa admirável de Dr. Tancredo e da simpatia que transmitia a todos os que dele se aproximavam, meu pai teve a oportunidade de consagrar-lhe toda a amizade e apreço. Quando aquele precisava dos serviços de meu pai, este o atendia com a maior presteza e dedicação. Assim foi a boa convivência desses dois grandes amigos, e nossa também, de seus filhos.
Como toda pessoa que se enriquece e cresce na profissão, meu pai cercou-se não só de muitos amigos, como foi dito, mas também de pessoas invejosas de seu progresso. Certa ocasião, trabalhando no depósito de ferro-velho, adquiriu de um adulto uma roda grande, que, conforme veio a saber depois, pertencia à “Caieira” do Coronel Amorim. Alguém invejoso delatou que a referida roda estava de posse de papai. Por isso, ele foi acionado judicialmente pelo dono da roda, o qual exigia a sua restituição, tendo levado o delegado Dr. Nabor a retê-lo por um dia.
Minha família ficou transtornada com o incidente. Não me restou senão ir, com apenas 16 anos, à residência de Dr. Tancredo pedir-lhe para soltar meu pai. Nessa ocasião, eu não passava de uma adolescente, aluna do Colégio Nossa Senhora das Dores, mas era eu quem cuidava das correspondências comerciais de meu pai. Dr. Tancredo deu uma solução imediata ao problema e trouxe papai consigo para o convívio da família.
É claro que ainda mais cresceu nossa amizade.
Depois, Dr. Tancredo subiu na política até se tornar Primeiro Ministro. Infelizmente, contudo, papai não viu sua ascensão, pois faleceu eletrocutado, enquanto trabalhava como eletricista. Mais uma vez, Dr. Tancredo mostrou sua amizade sincera para com nossa família, pois foi o inventariante do espólio deixado por meu pai.
Com justa razão, portanto, eu considero Dr. Tancredo um politico ímpar, meu ídolo, a quem serei eternamente grata pelos bens que nos proporcionou, primeiro como amigo, depois como estadista.
* Revista da Academia de Letras de São João del-Rei, Ano IV, nº 04, 2010 (número especial dedicado às comemorações do centenário de nascimento do Dr. Tancredo de Almeida Neves), p. 143-144.
Este artigo foi publicado na Revista comemorativa ao centenário de nascimento do Presidente Tancredo de Almeida Neves, junto a outros, publicada pela Academia de Letras de São João del-Rei
Fonte: Blog do Braga
Mais informações:
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